O Dia Mundial da Água terá como tema, em
2018, o uso de soluções baseadas no meio ambiente para resolver problemas
hídricos. Essas estratégias focam na gestão de vegetações, solos, mangues,
pântanos, rios e lagos, que podem ser utilizados por suas capacidades naturais
para o armazenamento e limpeza da água.
Lembrado anualmente pela ONU em 22 de março, o Dia Mundial da
Água terá como tema, em 2018, o uso de soluções baseadas no meio ambiente para
resolver problemas de gestão dos recursos hídricos. Com a campanha “A resposta
está na natureza”, as Nações Unidas abordarão como estratégias de preservação e
restauração ambiental podem proteger o ciclo da água e melhorar a qualidade de
vida da população.
Atualmente, 1,8 bilhão de pessoas consomem água de fontes que
não são protegidas contra a contaminação por fezes humanas. Mais de 80% das
águas residuais geradas por atividades do homem — incluindo o esgoto caseiro —
são despejadas no meio ambiente sem ser tratadas ou reutilizadas. Até 2050, a
população global terá aumentado em 2 bilhões de indivíduos, e a demanda por
água poderá crescer até 30%.
A agricultura é responsável por 70% do consumo de recursos
hídricos — a maior parte vai para a irrigação das plantações. A participação do
setor agrícola aumenta em áreas com maior densidade populacional e falta
d’água. O campo é seguido pela indústria, que responde por 20% da água
utilizada em atividades humanas. O uso doméstico representa apenas 10% do
consumo total, e a proporção de água potável que é bebida pela população
equivale a menos de 1%.
Com as transformações do clima e a manutenção de padrões
insustentáveis de produção, a poluição e a desigualdade na distribuição vão se
agravar, bem como os desastres associados à gestão da água.
Hoje, 1,9 bilhão de indivíduos vivem em áreas que poderão ter
escassez severa de água. Até 2050, o número pode chegar a cerca de 3 bilhões. A
quantidade de pessoas em zonas de risco para enchentes também aumentará,
passando do atual 1,2 bilhão para 1,6 bilhão, o que representará 20% da
população mundial em 2050. Aproximadamente 1,8 bilhão de pessoas já são
afetadas pela degradação da terra e pelo fenômeno conhecido como
desertificação.
Anualmente, a erosão do solo desloca de 25 bilhões a 40 bilhões
de toneladas de camadas vegetais — o que reduz de forma significativa a
produção das safras e a capacidade da terra de regular quantidades de água,
carbono e nutrientes. Os rejeitos escoados do solo erodido, contendo nitrogênio
e fósforo, são um dos principais poluentes dos recursos hídricos.
Soluções baseadas na
natureza
Para reverter esse cenário, a ONU celebra o Dia Mundial da
Água com o tema “A natureza pela água”, um chamado em prol de soluções para
questões hídricas baseadas na natureza. Mas o que são essas estratégias? São
iniciativas que focam na gestão de recursos ambientais, como vegetações, solos,
mangues, pântanos, rios e lagos, utilizados por suas capacidades naturais para
o armazenamento e limpeza da água.
A proteção e expansão de zonas pantanosas, bem como a
reposição de reservatórios hídricos subterrâneos são duas possibilidades para
garantir estoques de água limpa, que são mantidos pelo próprio meio ambiente,
com custo menor do que represas construídas pelo homem.
A poluição gerada pela agricultura pode ser reduzida com
metodologias de conservação que evitam a erosão do solo por meio da
diversificação das culturas. Outra medida é a criação de corredores de proteção
vegetal ao longo de cursos d’água, com o replantio de árvores e arbustos
nativos nas margens de rios — o que também pode amortecer o impacto de
enchentes em comunidades ribeirinhas. Para contornar cheias, a ONU também
recomenda reconectar rios a planícies de inundação, a fim de facilitar o
escoamento natural da água.
Essas soluções baseadas na natureza criam a chamada
“infraestrutura verde”, que são sistemas naturais ou seminaturais capazes de
oferecer os mesmos benefícios que a “infraestrutura cinza”, fabricada pelo ser
humano.
Programas hídricos inspirados no meio ambiente podem trazer
outras vantagens, além de melhorias na gestão da água. Mangues e pântanos
criados para a filtragem de águas residuais fornecem biomassa para a produção
de energia, ampliam a biodiversidade das comunidades e criam espaços de lazer,
gerando mais empregos.
As atividades em comemoração ao Dia Mundial da Água são
lideradas pela UNESCO e seu Programa Mundial de Avaliação da Água; pela
Organização Internacional do Trabalho (OIT); pelo Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento (PNUD); pela Universidade das Nações Unidas; pela WWF;
pelo Conselho Mundial da Água; pelo Secretariado da Convenção da ONU sobre
Diversidade Biológica; pela ONU Meio Ambiente; pela União Internacional para a
Conservação da Natureza (IUCN); pela WaterLex; e pela ONU Água, um organismo de
aconselhamento técnico com mais de 30 departamentos, agências e secretariados
de convenções das Nações Unidas que atuam na área de água e saneamento.
FONTE; ONU
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