domingo, 13 de outubro de 2013

Seus alunos sabem o que é a logística reversa?




Mostre à turma que este processo pode ajudar a dar um "final feliz" para boa parte do lixo que produzimos todos os dias em nossas casas e na escola. 




Objetivos
- Conscientizar os alunos sobre a enorme quantidade de lixo produzida diariamente no mundo todo.
- Apresentar algumas possibilidades de redução na produção diária de lixo.
- Explicar o conceito de logística reversa.
Reciclagem
Conteúdos
- O problema do lixo nas grandes cidades.
- Política Nacional de Resíduos Sólidos.
- Logística reversa.
Anos
1º ao 3º ano.
Tempo estimado
Duas aulas
Materiais necessários
Sacos de lixo; cestos de lixo; cartolinas e material para confecção de cartazes; resíduos sólidos domésticos como garrafas PET, embalagens de xampu, caixas de pasta de dente etc; cópias dos textos de apoio disponíveis no item "Quer saber mais?" deste plano de aula.
Introdução
De acordo com informações do Ministério do Meio Ambiente, as cidades brasileiras produzem 161.084 mil toneladas de resíduos sólidos por dia. O grande problema do Brasil, contudo, não está apenas na quantidade de lixo produzida, mas na destinação dos resíduos. O que fazer com todo esse lixo? Vale lembrar que os dados oficiais mostram somente a quantidade de lixo produzida nas cidades, sem levar em consideração o que é produzido na zona rural, nem a destinação desses dejetos.
Um dos modos de destinação adequada dos resíduos sólidos é a chamada logística reversa (LR). O conceito, já difundido em diversos países, tem como eixo base fazer com que os resíduos retornem à sua cadeia produtiva. Ou seja, se um resíduo não pode ser reutilizado, ele pode ser destinado "ao seu ciclo produtivo ou para o de outra indústria". Como exemplo, podemos citar a devolução de garrafas, pilhas ou eletrodomésticos que não são mais utilizados para as fábricas que os produziram, para que elas deem a destinação adequada aos materiais ou reaproveitem alguns de seus componentes.
Este processo é importante, pois (1) diminui a demanda por novas matérias-primas, (2) evita um consumo ainda maior de energia para a preparação dessa matéria-prima e (3) diminui a quantidade de resíduo sólido depositado em lixões.
Por isso, vale trabalhar o tema com os seus alunos e conscientizá-los a respeito dos problemas urbanos e ambientais.

Desenvolvimento
1ª aula
Para trabalhar a questão do lixo com a sua turma é fundamental que os alunos compreendam, de início, o que é um resíduo sólido e saibam diferenciá-lo de outros tipos de resíduo. Nos primeiros momentos de contato com o lixo com uma abordagem ecológica, é importante que as crianças reconheçam que o meio ambiente não é representado apenas por um bosque, uma praia ou uma floresta. Os alunos devem perceber que também são parte da natureza e que tudo o que acontece no ambiente, seja bom ou ruim, vai afetá-los.
Comece a aula explicando à turma que o objetivo dos próximos encontros será tratar do problema do lixo. Conte que vocês irão discutir algumas soluções para a destinação desses resíduos. Em seguida, pergunte aos alunos se eles sabem dizer quantos cestos de lixo existem nas casas deles e, com base nessas informações, tentem estimar a quantidade de resíduos sólidos produzidos pelas crianças e suas famílias em um dia.
Depois de discutir quanto lixo produzimos, informe aos alunos que vocês vão tratar de um típico específico de lixo: os resíduos sólidos. Para explicar quais objetos fazem parte desse grupo, retome com os pequenos os conceitos de sólido, líquido e gasoso - os estados físicos da matéria. Quando as crianças aprendem esses conceitos, o principal exemplo usado nas aulas é o da água. Gelo, água líquida e o vapor de água são facilmente reconhecidos pelos alunos e é importante que os exemplos sejam concretos e façam parte da realidade das crianças. Por isso, o exemplo da água pode ser um ponto de partida para ampliar o conceito das crianças sobre materiais sólidos, incluindo o lixo.
Conte aos alunos que os resíduos sólidos são materiais que deixaram de ter uma utilidade prática para as pessoas. Eles se originam em casas, escolas, hospitais, indústrias e na construção civil e passam a ser considerados lixo depois que já serviram para alguma finalidade. Mas, isso não significa que tais materiais não possam ser mais utilizados. O objetivo da reciclagem ou do reuso desses materiais é justamente diminuir o impacto da geração desse tipo de lixo. Comente com as crianças que a destinação adequada dos resíduos sólidos é tão importante que ganhou uma legislação específica, a Política Nacional de Resíduos, que será tratada na próxima aula.
Para finalizar, ajude os alunos a identificar o lixo sólido em sua própria casa. Conte a eles que objetos como embalagens de alimentos e de brinquedos ou diversos tipos de materiais plásticos são exemplos de resíduos sólidos. Como lição, peça aos alunos que observem o lixo produzido em casa, façam uma lista do que consideram resíduos sólidos e tragam alguns desses resíduos para a próxima aula.
2ª aula
É recomendável que essa aula seja realizada no laboratório de Ciências ou em algum outro espaço da escola, fora da sala de aula, onde os alunos possam manipular os resíduos e possam lavar as mãos. Se for necessário, providencie luvas de borracha para evitar o contato direto com os resíduos.
Para complementar os resíduos trazidos de casa pelos alunos, você pode, previamente, separar alguns resíduos produzidos na escola. Em seguida, todos irão classificar o lixo segundo diferentes critérios - como cores, formato das embalagens, tipos de produto, material de que são feitas as embalagens etc. O lixo também pode ser separado de acordo com o local de origem - a casa dos alunos, a secretaria da escola, a biblioteca, a cantina ou as áreas de lazer.
Com base nessa separação você vai introduzir o conceito de logística reversa para a turma. Explique aos alunos que desde o ano passado, o tratamento dos resíduos no Brasil deixou de ser apenas uma boa prática para se tornar uma obrigação legal. O Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionado em agosto de 2010, exige que as empresas deem uma destinação ambientalmente correta para os seus produtos quando eles viram "lixo".
Conte que a logística reversa é um conceito bem amplo, previsto no PNRS, e que pode ser compreendida como o gerenciamento do fluxo dos produtos desde o seu ponto de venda (quando compramos uma geladeira, por exemplo) até o seu descarte (quando a geladeira estraga e a jogamos fora). Ou seja, a proposta do Plano Nacional de Resíduos é que as indústrias tenham o controle de todas as etapas para que encaminhem adequadamente os resíduos sólidos que produzem e fornecem aos consumidores.
Explique que existem várias empresas que diminuíram o tamanho das embalagens de seus produtos, sem afetar seu conteúdo, para gerar menos lixo (como algumas embalagens de amaciante e sabão em pó em que o líquido vem concentrado, por exemplo). Outras montam os equipamentos que comercializam pensando na facilidade que terão em desmontá-los para a reciclagem posteriormente. Também existem as empresas que reutilizam materiais ou empregam materiais reciclados na confecção de novos produtos.
Após a sua explanação, é hora de cuidar dos resíduos que foram classificados pela turma. Os alunos deverão, em conjunto, identificar qual será o destino desses resíduos. Pergunte à turma para onde todo o lixo separado poderia ser enviado. Se houver muitas embalagens de papel - o que é muito provável - sugira que elas poderiam ser destinadas a uma indústria de cadernos que faz capas de papel reciclado.
Ouça as opções de destinação dos resíduos sugeridas pelos alunos e complemente as hipóteses. Conte que garrafas PET têm sido amplamente destinadas para a indústria têxtil. Hoje já estão sendo fabricados tecidos a partir da fibra de garrafas PET. Existem municípios brasileiros que realizam a transformação do Politereftalato de etileno (o material de que são feitas as garrafas PET) em fibra para a confecção de roupas. As embalagens são compactadas e enviadas a usinas que trituram e transformam esse plástico em flocos para a confecção de filamentos de poliéster.
O principal intuito dessa atividade é fazer as crianças perceberem a importância do retorno das embalagens, utilizadas nessa aula, para a indústria de papel ou alguma outra indústria que minimize o impacto ambiental. No caso da indústria de papel, menos árvores serão utilizadas à medida que o papel for reciclado. Por outro lado, se a garrafa PET for utilizada para a confecção de roupas, pode-se economizar na produção de algodão e na produção de poliéster.
Para encerrar, pesquise que cooperativas ou empresas da sua cidade já recebem esses resíduos sólidos e proponha à turma o encaminhamento de todo o lixo separado, mostrando aos alunos qual será o destino final dos resíduos coletados.
Avaliação
Há inúmeras propostas de se avaliar o quanto as crianças entenderem desse assunto. Uma sugestão é propor um quadro com imagens de resíduos sólidos e pedir que as crianças classifiquem os diferentes tipos de lixo de acordo com critérios estabelecidos por você ou que associem as embalagens às destinações mais adequadas, de acordo com opções listadas por você. Outra forma de avaliar é fazer com que as crianças aprendam mais sobre a produção de lixo na escola. Juntos, vocês podem criar uma campanha de conscientização sobre a importância da separação dos resíduos que envolva toda a escola. Essa campanha pode incluir a separação dos resíduos sólidos em cestos de lixo apropriados e a confecção de cartazes com textos informativos sobre a reciclagem e a logística reversa, fixados nos murais da escola. O importante é que, ao final da sequência didática, as crianças compreendam o que é o processo de logística reversa e saibam diferenciar os resíduos sólidos de outros tipos de lixo.


Mesmo sem emitir CO2, mundo levará 20 anos para frear aquecimento, diz IPCC 2013.


Mesmo se o mundo inteiro parasse de emitir os gases de efeito estufa – grande causador das mudanças do clima, segundo os cientistas -, o planeta demoraria pelo menos mais duas décadas para frear o aumento das temperaturas.
Quem faz o cálculo é José Marengo, um dos pesquisadores brasileiros que trabalhou na formulação do Quinto Relatório de Avaliação, o AR5, do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), ligado à ONU (Organização das Nações Unidas).
“Mesmo que a gente feche todas as indústrias hoje, nós vamos ter ainda décadas de aquecimento em uma inércia. O IPCC fala em aproximadamente 20 anos, pois foram centenas de anos de CO2 acumulados na atmosfera. Mesmo que não libere mais, há um monte de CO2 que tem que ser consumido”, explicou o climatologista.
As florestas são os grandes instrumentos para absorver o dióxido de carbono, por meio da fotossíntese, mas ele admite que “o efeito não é imediato e demora décadas” para surtir efeito.
Chefe do Centro de Ciência do Sistema Terrestre do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Marengo apresentou nesta terça-feira (8) os principais resultados do Resumo para Formuladores de Políticas do AR5 em um seminário no Rio de Janeiro.
O texto, que foi divulgado no último dia 27 de setembro, apresentou as evidências científicas de que a atividade humana é, com 95% de certeza, a principal causa do aquecimento global. Mas, segundo o Painel do Clima da ONU, os efeitos das alterações passarão a ser sentidos pela população, de fato, a partir de 2040.
O especialista ponderou, no entanto, que o documento do IPCC não é um relatório “catastrófico” e apontou para a necessidade de o homem adaptar-se às mudanças climáticas que estão por vir no decorrer deste século.
“A adaptação é uma solução para enfrentar o problema, mas não é o fim. Não interpretem que o mundo vai acabar. A mensagem é que algo deve ser feito em relação a estes cenários pessimistas como mitigação e redução das emissões”, argumentou.
Processos irreversíveis – No relatório do Grupo de Trabalho 1, o primeiro de uma série que será divulgada até outubro de 2014, 259 autores de 53 países reuniram em mais de 400 páginas informações científicas e projeções para o futuro.
Cronologia traz marcos e ações políticas – “A influência humana no sistema climático é clara. As atividades humanas são responsáveis pelo aquecimento nos últimos anos, não são os únicos causadores, mas são os responsáveis. O aquecimento acontece de qualquer forma, com ou sem a presença do ser humano, mas ele piora o problema que já existe”, salientou Marengo.
Na sua avaliação, tudo o que envolve o ser humano, é possível adaptar-se ao novo cenário climático. Já os processos de transformação que envolvem os ecossistemas naturais, porém, são mais vulneráveis. “O ser humano pode se adaptar [ao novo clima], mas pode haver um colapso da vegetação atual.”
Para mostrar os efeitos já presenciados, o pesquisador indicou, inclusive como forte indício de irreversibilidade, o branqueamento de corais no Caribe, na América Central, devido ao aumento da temperatura da água e da acidez dos oceanos.
Já o risco de savanização da Amazônia, apontado pelo Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas caso a temperatura do Brasil aumente para 6°C em um século, pode ser completamente reversível e evitado.
Ainda sobre os efeitos no país, ele cita a tendência do aumento do volume e da ocorrência de chuvas nas regiões Sul e Sudeste, além de maiores e mais intensos períodos de seca na Amazônia e no Nordeste.
Há cinco anos, o desmatamento era o primeiro colocado no ranking de emissões do Brasil. Agora, o desmatamento foi ultrapassado pela queima de combustível fóssil, anunciou Marengo. “O Brasil passou a poluir como um país desenvolvido. Temos que mudar nosso estilo de vida, essa é a parte mais difícil.”
Um inventário realizado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia de 2010 indicou que as principais fontes de emissão de gases de efeito estufa estão na agricultura, na atividade industrial com a queima de combustível fóssil e no desmatamento com a queima de biomassa.
“Pelo fato de o desmatamento ter diminuído e a agricultura, reduzido [as emissões], a queima de combustível fóssil é a maior causa da emissão de gases. As termoelétricas produzem CO2, assim como a maior frota de veículos do país, que é muito grande. Acho preocupante porque sempre criticamos os países desenvolvidos por isso”, analisou.
Agenda ambiental – Contudo, em momentos de crise, na busca pela recuperação econômica e na tentativa de garantir um aumento no PIB (Produto Interno Bruto), os países priorizam o crescimento econômico. E, desta forma, a agenda ambiental atualmente fica rebaixada para segundo plano, especialmente depois da crise de 2008, afirmou Marengo.
“Dificilmente você vai convencer um presidente [a assinar um acordo de clima]. É impossível que um país, com uma situação econômica pior, entre em um acordo ambiental que tem um custo social muito elevado.”
As medidas de mitigação são caras e ocorrem no longo prazo. “É caro mas vai permitir reduzir os impactos no futuro”, conclui.