domingo, 25 de agosto de 2013

Educação ambiental e os quatro pilares propostos pela Unesco.

A profunda preocupação produzida pelos problemas cada vez mais graves que afetam o meio ambiente é um acontecimento recente em nossa sociedade.
Historicamente, a preocupação com o meio ambiente surgiu da conjugação de diferentes aspectos, tanto no surgimento dos primeiros movimentos ecológicos na sociedade civil – profundos questionamentos em relação aos modos de vida que culminaram nos movimentos de maio de 1968 na França, com repercussão no resto do mundo – como nos problemas emergentes em âmbitos científicos ou em problemas derivados da expansão capitalista.
Gutman (1988, citado por Medina, 1994) define o meio ambiente como um conjunto de componentes naturais e sociais e suas interações num espaço e num tempo determinados. Ele associa também a dinâmica das interações sociedade-natureza e suas consequências ao espaço em que se habilita o homem e do qual também é parte integrante.
Dessa forma, o “meio ambiente é gerado e construído ao longo do processo histórico de ocupação e de transformação do espaço pela sociedade”.
A concepção de meio ambiente vem evoluindo através dos tempos e o homem passa de uma percepção restrita aos aspectos biológicos e físicos para uma concepção e percepção mais amplas em que se consideram essenciais seus aspectos econômicos e socioculturais.
Diante da irracionalidade no uso do meio ambiente, acreditamos que a escola é o local adequado para essa tarefa de tomada de consciência da existência dos problemas ambientais, onde se deve preparar o aluno para uma participação organizada e ativa, na democratização da sociedade, fornecendo-lhe o instrumental por meio da aquisição de conteúdos e práticas que favoreçam as correspondências destes com os interesses e as experiências dos alunos.
Se as propostas pedagógicas das escolas estão realmente comprometidas com a formação do cidadão como ser individual, social, político, cultural e produtivo e se habilitam a instrumentalizá-lo para uma participação ativa nos processos sociais e compromissos decisivos de direção da sociedade, a educação socioambiental deve ser plenamente compatível com os fins, objetivos e organização do sistema educacional.
No entanto, na educação socioambiental não se trabalha com improvisação nem compartilhamento e isolamento. É imprescindível conhecer bem a situação ambiental da área em estudo, assim como debater as necessidades e as possibilidades a realizar com segurança projetos de educação socioambiental que sejam executados não como outra disciplina no currículo escolar, para isoladamente trabalhar seus temas, mas para trabalhar de modo coletivo e interdisciplinar, permeando as várias atividades e disciplinas curriculares, como uma necessidade socioeducativa real de toda a comunidade escolar.
Para que a escola possa ajudar efetivamente o educando em sua preparação, diz Freire (1980):
“É preciso que a educação esteja em seu conteúdo, em seus programas e em seus métodos, adaptada ao fim que persegue: permitir ao homem chegar a ser sujeito, construir-se como pessoa, transformar o mundo, estabelecer com outros homens relações de reciprocidade, fazer a cultura e a história”.
Este milênio exige dos educadores o desenvolvimento de competências, habilidades e atitudes voltadas para o pensar, reformular e transformar a prática pedagógica com vistas a mudanças significativas no contexto escolar.
Para Delors (1998), os quatro pilares da educação – saber conhecer, saber fazer, saber conviver e saber ser – darão sustentação à prática pedagógica e, satisfazendo as exigências contemporâneas, permitirão ao aprendiz ser um agente participativo, com condições não só intelectuais, mas também práticas de agir sobre a realidade de agora e do amanhã, atendendo às dimensões ética e cultural, tecnológica e científica, social e econômica da educação.
Saber conhecer
            Hoje, o professor precisa saber: dialogar; escutar; fazer se assessorar; zelar pela filosofia da instituição; trabalhar em equipe; promover a discussão e a reflexão; transmitir os conteúdos específicos de sua área articulando eficazmente a política e os objetivos educacionais; avaliar de forma mais eficiente; compreender as implicações sociais; culturais; econômicas e ambientais da ciência e tecnologia; analisar criticamente a problemática cultural, social, econômica e ambiental, relacionando os conteúdos de sua área com o cotidiano; selecionar as melhores informações, bem como interpretá-las; conhecer os procedimentos científicos; e manusear a bibliografia de sua área de atuação.
Saber fazer
            É a congregação e a explicitação dos demais saberes da prática pedagógica, além do domínio teórico e metodológico e do trânsito fácil pelos instrumentos técnicos de caráter geral. É necessária uma convivência íntima com o que é específico e importante para propiciar a concretização da aprendizagem da área científica.
            Destacam-se: clareza e objetividade na comunicação, habilidade na condução em situações complexas, capacidade de argumentação, análise de fatos do cotidiano, atitude reflexiva na ação, iniciativa, criatividade, dentre outras.
Saber conviver
            Revela a realidade das relações situacionais, como cidadão na comunidade escolar, em seu grupo social, na sociedade global, na natureza. Envolve capacidade de fazer e receber crítica construtiva, atitude de respeito á opinião dos colegas, socialização de conhecimento, socialização de dúvidas e soluções, participação em grupos de estudos e de trabalho, espírito de cooperação, atitude de respeito para com a natureza, capacidade de lidar com múltiplos aspectos de situações relacionais.
Saber ser
            Implica uma séria reflexão sobre a postura ética e moral ante os graves problemas ligados á qualidade de vida, tomada em sentido mais amplo. A cidadania é a meta buscada por todo sujeito consciente de seu papel na sociedade e na natureza. Normalmente, é evidenciada por atitudes que retratam responsabilidade social, participação democrática, postura transformadora, atitude crítica e, principalmente, comportamento ético. Por isso, o docente deve ser criativo, dinâmico, polivalente no saber, agente integrador, atualizado.
            Para o acompanhamento de todas essas mudanças, são importantes:
·         Nova postura didática–científica por partes dos professores.
·         Flexibilidade no pensamento.
·         Busca se novas fontes de informação e conhecimento.
            Para concluir, Gonçalves e colaboradores (1989, citados por Gonçalves, 1990) argumentam que o posicionamento correto do indivíduo diante da questão ambiental dependerá de sua sensibilidade e da interiorização de conceitos e valores, que devem ser trabalhados de forma gradativa e contínua e, sobretudo nas séries iniciais do ensino fundamental, devem ocorrer por meio da observação dos fatos cotidianos e dos problemas mais próximos.

A observação dos fatos e a percepção dos problemas devem levar à elaboração de conceito simples, pelos quais as interações do meio biofísico e social sejam demonstradas. Por meio de seus sentidos de compreensão, o indivíduo constrói os conceitos de valores, demonstrando posteriormente em seus hábitos e atitudes um modo de vida responsável em relação aos interesses coletivos e ao meio ambiente.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Falta de estrutura (e vontade) dificulta implementação de educação ambiental nas escolas.

Fundada na Cidade de Goiás, a Escola Pluricultural Odé Kayodê é tida como exemplo na área de educação ambiental. Ali, crianças de entre 3 e 10 anos aprendem na prática como é o ciclo das plantas num jardim plantado por elas mesmas. Também conhecem a vida no campo, em uma fazenda próxima, e aprendem sobre conservação da água em um rio que passa atrás da escola.
Há 15 anos, o tema sustentabilidade está presente em todas as disciplinas. “Em uma prova de matemática, você tem que saber qual o resultado de três árvores mais duas árvores. É assim que a gente tem meio ambiente em tudo”, explica a educadora Emicléia Alves Pinheiro
O Ministério da Educação (MEC) quer que, assim como no colégio de Cidade de Goiás, a educação ambiental passe a fazer parte do cotidiano de todas as instituições de ensino do país. A escola, no entanto, é exceção. Transformar o tema em uma realidade ainda é um projeto distante em praticamente todas as cidades brasileiras.
Apenas 0,5% dos colégios públicos teriam condições hoje de cumprirem com as diretrizes de educação ambiental, segundo levantamento feito pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). Faltam professores, infraestrutura e investimento para fazer com que as Diretrizes Curriculares para a Educação Ambiental, aprovadas em 2012 durante a Rio +20, saiam do papel.
“A maioria dos professores têm muita vontade. Muitos já têm até algum conhecimento, mas não possuem recursos. As verbas para as escolas são restritas e até para treinamentos, nós temos que oferecer os materiais em vários casos”, diz Miriam Duailibi, presidente do Instituto Ecoar, que forma professores em todo o país.
Falta de pessoal – O desenvolvimento da educação ambiental é uma necessidade para todas as regiões brasileiras, segundo o MEC. Nordeste e Norte são apontados como as áreas que demandam maior atenção para incentivo desse tipo de iniciativa, por causa das condições de infraestrutura e de gestão das escolas.
Para atender às exigências do MEC, muitas unidades comprometem outras disciplinas. “Em alguns lugares, eles tiram uma aula de ciências, por exemplo, e colocam uma de educação ambiental. O problema é que nem sempre há profissional qualificado para isso. Não é possível trabalhar transversalmente com a estrutura de hoje”, afirma o secretário de assuntos educacionais do CNTE Heleno Araújo.
A falta de tempo é outro aspecto que impacta o processo, segundo especialistas. “O professor tem de trabalhar em várias escolas, para poder sobreviver, o que não permite que invista em sua especialização e atualização. É necessária formação continuada destes professores, investir em sua valorização profissional”, comenta o pós-doutor em educação ambiental, Luiz Fernando Silveira Guerra.
A realidade vai de encontro ao que as diretrizes determinam. Resultado de cinco anos de debates entre educadores ambientais, legisladores e sociedade, elas estabelecem o tema como prioritário, que deve ser tratado de forma transversal.
“Não pode ser trabalhada de forma isolada. Em todas as aulas seria necessário haver lições que abordem este tema, para estabelecer um convívio harmônico e integrado com o meio ambiente”, explica Duailibi.
Iniciativas isoladas – Apesar de existir um movimento governamental que incentiva a inserção do tema educação ambiental em todos os níveis, os projetos existentes ainda são ações pontuais. Guerra afirma que “maior parte das iniciativas ainda ocorre em projetos e atividades extra-curriculares, com a participação de poucos professores”. Em muitos casos, eles são incentivados por organizações civis e com apoio da comunidade escolar.
Exemplo disso pode ser visto em Joinville (SC). Através da parceria entre professores, alunos, funcionários, pais e a comunidade local, a realidade do Centro de Educação Infantil Municipal Raio de Sol foi transformada. A partir de 2010, áreas antes de cimento ganharam vida ao receberem espaços como lagoa, jardim, horta e pomar.
“As crianças não podiam andar descalças, porque tudo era de cimento e brita. Agora, elas têm vários espaços onde podem interagir com a natureza”, comenta Marlene Malschitzky, supervisora gestora da Secretaria Municipal de Educação.
O Ministério da Educação reconhece que ações como esta ainda precisam de mais incentivo. A entidade garante que ainda falta investimento e estrutura.
“A maioria das escolas ainda está às voltas com questões, que embora de caráter socioambiental, não são reconhecidas como tal, como espaços físicos insuficientes, inadequados e mal aparelhados. Há escolas, por exemplo, que não dispõem de água corrente, coleta de esgotos ou prédio próprios. Há também uma grande dificuldade dos educadores e gestores públicos em converterem as questões socioambientais em pauta, seja nas aulas, seja fora delas, promovendo o enfoque transversal”, destaca Macaé Evaristo, secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do MEC.

De acordo com ela, são realizados investimentos em seminários e formação continuada de professores, para garantir o aprofundamento no tema. Além de projetos para disponibilizar recursos em projetos nessa área. Ela também destaca que é realizada a Conferência Infanto-juvenil pelo Meio Ambiente, que reúne professores e alunos de todo o país em eventos regionais e nacionais, para debater a educação ambiental. (Fonte: Terra)

domingo, 18 de agosto de 2013

Desenvolvimento sustentável terá cinco linhas de ação, MMA.

Cinco linhas de ação deverão compor os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que passarão a valer a partir de 2015, em substituição aos Objetivos do Milênio da Organização das Nações Unidas (ONU). O tema foi discutido pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixiera, em conferência realizada na tarde desta segunda-feira (12), no Rio de Janeiro.
O documento que contém a primeira versão dos ODS será apresentado no próximo mês em assembleia da ONU. Segundo a ministra, que integra o Painel de Alto Nível sobre a Agenda de Desenvolvimento pós-2015 das Nações Unidas, os objetivos definem uma mudança na sociedade. “Os ODS sinalizam um novo caminho para não perder o que foi alcançado com os objetivos do milênio”, explicou. “É preciso repaginar essa visão.”
Inclusão - Organizado pela presidência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a conferência enfatizou a importância da participação social no processo. Segundo Izabella, questões como inclusão social, erradicação da pobreza e promoção de uma economia verde estão entre os aspectos contemplados pelos ODS. “A inclusão social tem de estar cada vez mais presente no debate”, afirmou.

As metas propostas também deverão levar em consideração as particularidades de cada nação. “Serão trabalhadas soluções para os países em guerra e para aqueles que não vivem em regime de democracia”, exemplificou a ministra. “Os objetivos tocam em uma série de situações e buscam uma ruptura com a polarização que existe atualmente.” (Fonte: MMA)



domingo, 11 de agosto de 2013

Dilvulgue essa idéia...

"Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre." (Paulo Freire)