sábado, 8 de setembro de 2018

A onda global de calor pode ser indício de um colapso ambiental e civilizacional.


"Caso este cenário se torne realidade, seria algo parecido com o apocalipse para a vida humana e não humana no Planeta", diz doutor em demografia.



             A máquina de fake news divulgou no início do ano que o Brasil teria o inverno mais rigoroso da história. Mas os dados de julho de 2018 mostram que a temperatura foi alta em todo o país. Em São Paulo, o tempo quente foi o maior em décadas. Além de quente, o tempo ficou mais seco do que o normal, causando reflexos como reservatórios de água mais baixos e aumento do número de queimadas. Qualidade do ar também piorou nas cidades do interior paulista. No resto do mundo os problemas se multiplicaram.
                O fato é que o mês de julho foi o 3º mais quente da série histórica e o ano de 2018 está a caminho de ser o quarto mais quente já registrado, vencido apenas por 2017, 2016 e 2015. Julho de 2018 foi o 403º mês consecutivo com temperaturas acima da média do século XX, segundo dados da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA). De acordo com o Comitê de Auditoria Ambiental do Reino Unido, haveria a chance das temperaturas no verão chegarem a 38°C no país, levando a um potencial de 7.000 mortes relacionadas ao calor por ano, até a década de 2040. Mas tudo isto está ocorrendo este ano, com muita antecedência.


                 Como mostrou o cientista Michael Mann – com o seu gráfico do “taco de hóquei”, de 1998 –, o mundo está ficando mais quente e continuará a esquentar. A única dúvida agora é quanto e qual a rapidez do aquecimento global. Isto acontece porque as emissões de gases de efeito estufa(GEE) estão aumentando. Desta forma, os eventos climáticos extremos do verão no hemisfério Norte, de 2018, não são apenas sintomas do desarranjo climático, mas alertas da possibilidade de um colapso ambiental que pode se tornar um colapso civilizacional.

                 Houve secas que ameaçam o abastecimento de alimentos, inundações no Japão, chuvas extremas no leste dos EUA, incêndios na CalifórniaSuécia e Grécia. No Reino Unido, turistas que tentam atravessar o túnel do Canal da Mancha para a França enfrentaram enormes filas quando instalações de ar-condicionado em trens falharam devido à onda de calor. Milhares de pessoas ficaram presas durante cinco horas no calor dos 30°C, sem água. No sul do Laos, as fortes chuvas levaram a um colapso da represa, deixando milhares de pessoas desabrigadas e inundando várias aldeias. O recorde europeu de calor era de 48°C, registrado em julho de 1977 em Atenas, mas esta marca pode ser quebrada no verão de 2018 (mesmo sendo “apenas” o quarto ano mais quente da série).

                  O incêndio denominado Mendocino Complex, que atingiu a Califórnia, em agosto, tornou-se o maior da história moderna do estado após queimar mais de 283 mil hectares em 11 dias, de acordo com o jornal Los Angeles Times. Sete pessoas morreram e milhares tiveram que deixar suas casas. Os prejuízos financeiros são enormes, mostrando que o crescimento econômico do Estado mais rico dos EUA está se tornando deseconômico.


                A onda de calor que atingiu a Europa neste verão chegou também a áreas próximas do Círculo Polar Ártico — linha imaginária no extremo norte do planeta. As temperaturas ultrapassaram os 30°C em regiões onde costuma fazer frio o ano inteiro. Na Lapônia, região no extremo-norte da Finlândia, os termômetros registraram 33,4°C, uma das temperaturas mais altas da história.
                O que é preciso reconhecer é que esses eventos climáticos extremos estão relacionados ao fato de que, desde 2015, o Planeta já está em torno de 1°C acima da média pré-industrial. A terra está se tornando um local perigoso. Portanto, a recente onda de eventos catastróficos não é mera anomalia. O sistema climático está cada vez mais desequilibrado, em função do modelo “Extrai-Produz-Descarta”.
                Estudo publicado na revista Nature Communications indica que é provável que o mundo assista temperaturas mais extremas nos próximos quatro anos, à medida que o aquecimento natural reforça a mudança climática provocada pelo ser humano. O aumento das emissões de gases do efeito estufa está aumentando a pressão sobre as temperaturas, mas os seres humanos não sentem a mudança como uma linha reta porque os efeitos são diminuídos ou amplificados por fases de variação natural. De 1998 a 2010, as temperaturas globais estavam em “hiato”, já que o resfriamento natural (da circulação oceânica e dos sistemas climáticos) compensou o aquecimento global antropogênico. Mas o planeta entrou agora quase na fase oposta, quando as tendências naturais estão impulsionando os efeitos produzidos pelas atividades antrópicas.
                Infelizmente, em vez de confrontar essa ameaça à espécie humana e às demais espécies vivas da Terra, o mito do crescimento econômico permanente e indefinido repete sempre o mantra que a qualidade de vida depende do aumento das atividades antrópicas. Contudo, a economia não pode ser maior do que a ecologia e nem a humanidade pode superar a capacidade de carga da Terra. Ou a civilização muda o rumo que leva ao colapso ambiental ou haverá de lidar com um colapso civilizacional.
              Esta possibilidade foi aventada em novo estudo (Steffen, 2018) que indicou que a Terra pode entrar em uma situação com clima tão quente que pode elevar as temperaturas médias globais a até cinco graus Celsius acima das temperaturas pré-industriais. Isto teria várias implicações, como acidificação dos solos e das águas e aumentos no nível dos oceanos entre 10 e 60 metros. O estudo mostra que o aquecimento global causado pelas atividades antrópicas de 2° Celsius pode desencadear outros processos de retroalimentação, podendo desencadear a liberação incontrolável na atmosfera do carbono armazenado no permafrost, nas calotas polares, etc.
                Em função do efeito dominó, as “esponjas” que absorviam carbono podem se tornar fontes de emissão de CO2 e piorar significativamente os problemas do aquecimento global. Isto provocaria o fenômeno “Terra Estufa”, o que levaria à temperatura ao recorde dos últimos 1,2 milhão de anos. Os seja, caso este cenário se torne realidade, seria algo parecido com o apocalipse para a vida humana e não humana no Planeta. CARTA MAIOR.


Referências:

Angela Dewan. Our climate plans are in pieces as killer summer shreds records, CNN, August 5, 2018

Matt McGrath. O que é o fenômeno ‘Terra estufa’ e por que estamos caminhando para ele, segundo novo estudo, BBC News, 07/08/2018

Steffen et. al. Trajectories of the Earth System in the Anthropocene, PNAS August 6, 2018. 06/08/2018

WATTS, Jonathan. Extreme temperatures ‘especially likely for next four years’, The Guardian, Tue 14 Aug 2018 



sábado, 17 de março de 2018

Em Dia Mundial da Água, ONU defende soluções para problemas hídricos baseadas na natureza.



O Dia Mundial da Água terá como tema, em 2018, o uso de soluções baseadas no meio ambiente para resolver problemas hídricos. Essas estratégias focam na gestão de vegetações, solos, mangues, pântanos, rios e lagos, que podem ser utilizados por suas capacidades naturais para o armazenamento e limpeza da água.




     Lembrado anualmente pela ONU em 22 de março, o Dia Mundial da Água terá como tema, em 2018, o uso de soluções baseadas no meio ambiente para resolver problemas de gestão dos recursos hídricos. Com a campanha “A resposta está na natureza”, as Nações Unidas abordarão como estratégias de preservação e restauração ambiental podem proteger o ciclo da água e melhorar a qualidade de vida da população.
     Atualmente, 1,8 bilhão de pessoas consomem água de fontes que não são protegidas contra a contaminação por fezes humanas. Mais de 80% das águas residuais geradas por atividades do homem — incluindo o esgoto caseiro — são despejadas no meio ambiente sem ser tratadas ou reutilizadas. Até 2050, a população global terá aumentado em 2 bilhões de indivíduos, e a demanda por água poderá crescer até 30%.
A agricultura é responsável por 70% do consumo de recursos hídricos — a maior parte vai para a irrigação das plantações. A participação do setor agrícola aumenta em áreas com maior densidade populacional e falta d’água. O campo é seguido pela indústria, que responde por 20% da água utilizada em atividades humanas. O uso doméstico representa apenas 10% do consumo total, e a proporção de água potável que é bebida pela população equivale a menos de 1%.
     Com as transformações do clima e a manutenção de padrões insustentáveis de produção, a poluição e a desigualdade na distribuição vão se agravar, bem como os desastres associados à gestão da água.
     Hoje, 1,9 bilhão de indivíduos vivem em áreas que poderão ter escassez severa de água. Até 2050, o número pode chegar a cerca de 3 bilhões. A quantidade de pessoas em zonas de risco para enchentes também aumentará, passando do atual 1,2 bilhão para 1,6 bilhão, o que representará 20% da população mundial em 2050. Aproximadamente 1,8 bilhão de pessoas já são afetadas pela degradação da terra e pelo fenômeno conhecido como desertificação.
Anualmente, a erosão do solo desloca de 25 bilhões a 40 bilhões de toneladas de camadas vegetais — o que reduz de forma significativa a produção das safras e a capacidade da terra de regular quantidades de água, carbono e nutrientes. Os rejeitos escoados do solo erodido, contendo nitrogênio e fósforo, são um dos principais poluentes dos recursos hídricos.

Soluções baseadas na natureza
     Para reverter esse cenário, a ONU celebra o Dia Mundial da Água com o tema “A natureza pela água”, um chamado em prol de soluções para questões hídricas baseadas na natureza. Mas o que são essas estratégias? São iniciativas que focam na gestão de recursos ambientais, como vegetações, solos, mangues, pântanos, rios e lagos, utilizados por suas capacidades naturais para o armazenamento e limpeza da água.
     A proteção e expansão de zonas pantanosas, bem como a reposição de reservatórios hídricos subterrâneos são duas possibilidades para garantir estoques de água limpa, que são mantidos pelo próprio meio ambiente, com custo menor do que represas construídas pelo homem.
A poluição gerada pela agricultura pode ser reduzida com metodologias de conservação que evitam a erosão do solo por meio da diversificação das culturas. Outra medida é a criação de corredores de proteção vegetal ao longo de cursos d’água, com o replantio de árvores e arbustos nativos nas margens de rios — o que também pode amortecer o impacto de enchentes em comunidades ribeirinhas. Para contornar cheias, a ONU também recomenda reconectar rios a planícies de inundação, a fim de facilitar o escoamento natural da água.
     Essas soluções baseadas na natureza criam a chamada “infraestrutura verde”, que são sistemas naturais ou seminaturais capazes de oferecer os mesmos benefícios que a “infraestrutura cinza”, fabricada pelo ser humano.

    Programas hídricos inspirados no meio ambiente podem trazer outras vantagens, além de melhorias na gestão da água. Mangues e pântanos criados para a filtragem de águas residuais fornecem biomassa para a produção de energia, ampliam a biodiversidade das comunidades e criam espaços de lazer, gerando mais empregos.
    As atividades em comemoração ao Dia Mundial da Água são lideradas pela UNESCO e seu Programa Mundial de Avaliação da Água; pela Organização Internacional do Trabalho (OIT); pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD); pela Universidade das Nações Unidas; pela WWF; pelo Conselho Mundial da Água; pelo Secretariado da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica; pela ONU Meio Ambiente; pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN); pela WaterLex; e pela ONU Água, um organismo de aconselhamento técnico com mais de 30 departamentos, agências e secretariados de convenções das Nações Unidas que atuam na área de água e saneamento.

FONTE; ONU

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Industrialização e urbanização



                   Hoje vivenciamos uma nova era, dominada pela ciência e pela tecnologia, requisitos esses criados pelo homem para permitir a sua sobrevivência às condições do meio. Ora o uso irracional destes culminou com uma intensificação dramática da degradação do meio uma vez que; retira-se matéria prima do meio ambiente, transforma-a, repassa-se ao consumidor a utiliza e os resíduos da produção e do consumo são descartados diretamente no ambiente. O importante nesse processo não é o que é bom ou justo e sim o que trará maiores lucros em curto prazo.
            Entre as causas podemos citar industrialização e urbanização. Foi partir da revolução industrial que a poluição passou a constituir um problema para a humanidade. A indústria é a principal responsável pelo lançamento de poluentes no meio ambiente, a industrialização culminou com a aglomeração urbana, que já é por si só uma fonte de poluição, pois implica numerosos problemas ambientais, como o acumulo de lixo, o enorme volume de esgotos, os congestionamentos de tráfego etc.

Como consequências.

               O problema da poluição, portanto, diz respeito à qualidade de vida das aglomerações humanas. A degradação do meio ambiente do homem provoca uma deterioração dessa qualidade, pois as condições ambientais são imprescindíveis para a vida, tanto no sentido biológico como no social.  se a degradação ambiental continuar ao mesmo ritmo que si verifica hoje, as possibilidades das gerações futuras desenvolverem estará muito limitada pois as condições necessárias para que haja vida estarão comprometidas.

             Portanto torna-se necessário o homem incutir-se de novos valores que prezam pela conservação do meio, não olhar o meio ambiente de forma isolada, predestinada para o seu usufruto pessoal, pois ele é parte integral do meio ambiente e causando danos a estes as consequências são recíprocas.