domingo, 10 de agosto de 2014

Usina vai transformar em gás natural lixo produzido por oito municípios do Rio

A Usina de Tratamento de Biogás do Aterro Dois Arcos, inaugurada na segunda-feira (4/8) pelo governo do Rio em São Pedro da Aldeia, em conjunto com as empresas Osafi e Ecometano, vai transformar em gás natural cerca de 600 toneladas de lixo produzidas diariamente por oito municípios da Região dos Lagos, que formam o consórcio que construiu o aterro sanitário. São eles: São Pedro da Aldeia, Búzios, Iguaba Grande, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Casimiro de Abreu, Silva Jardim e Araruama. O projeto recebeu investimento de R$ 18 milhões.
A usina ainda não está ligada à rede da Companhia Estadual de Gás do Rio de Janeiro (CEG-Rio), e, até que o gasoduto seja construído, o biogás produzido no local será comprimido e entregue a um consumidor industrial. Também nesta fase inicial, o gás obtido vai abastecer os caminhões que fazem o recolhimento do lixo e os veículos da própria companhia, que funcionarão com gás natural veicular (GNV).
“Depois, quando o gasoduto estiver pronto – são quatro quilômetros, que devem ficar prontos entre março e abril de 2015 – este gás vai ser misturado com gás da CEG-Rio”, adiantou a coordenadora do Programa Rio Capital da Energia, Maria Paula Martins. A distribuição do produto aos consumidores será feita sem custos adicionais, segundo ela. “O consumidor não vai distinguir que está consumindo uma mistura [de gás natural e biogás], nem tem mudança no preço”. De início, a produção diária será de 6 mil metros cúbicos de gás e, em oito anos, deve chegar a 20 mil metros cúbicos, com produção estimada de 5 milhões de metros cúbicos de biogás purificado por ano.
Maria Paula lembrou os benefícios ao meio ambiente e disse que a usina vai evitar o lançamento na atmosfera de cerca de 470 mil toneladas de dióxido de carbono até 2020 e poderá gerar créditos de carbono, que serão emitidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). “Tem um aproveitamento nobre. O setor energético é caro, e a gente acaba usando [o lixo] de forma produtiva para a empresa”, avaliou.
De acordo com o pesquisador do Instituto Luiz Alberto Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luciano Basto, o Brasil economizaria cerca de R$ 32 bilhões por ano se reaproveitasse todo o lixo produzido. Se a conta incluir os resíduos da pecuária confinada e da agricultura, a economia ultrapassaria R$ 100 bilhões anuais.

O tratamento e destinação adequadas dos resíduos também resolvem questões sanitárias. O gás que seria naturalmente produzido e iria poluir a atmosfera é armazenado para aproveitamento energético. Na forma de gás, como produzido na Usina de Tratamento de Biogás do Aterro Dois Arcos, a utilização é bastante flexível, segundo Basto. “Pode servir para geração elétrica no local ou fora, transportado por caminhões; para fins veiculares; e até para injeção na tubulação de gás que distribui pelo estado. Aí, pode ser usado para comércio, indústria, residência”, listou.
Na avaliação do pesquisador da Coppe-UFRJ, o caminho economicamente viável e ambientalmente mais adequado “é pensar na substituição de combustível veicular, porque o Brasil é importador de diesel e gasolina, que podem ser substituídos por biometano”. De acordo com Batso, este gás tratado é competitivo do ponto de vista financeiro na comparação com combustíveis líquidos. “Para a balança comercial do país, pode ser muito interessante e mais vantajoso esse caminho”, disse à Agência Brasil. O combate ao desperdício, por meio da substituição de combustíveis importados, seria um ganho de produtividade imediato, segundo o pesquisador.

Apesar das vantagens dos aterros, Basto destacou que, como os resíduos sólidos são um problema que a sociedade tem que resolver com urgência, é preciso buscar novas tecnologias de tratamento para substituição dos aterros, que são difíceis de licenciar. A partir daí, segundo o pesquisador, poderá haver sistemas de biodigestão que comecem tratando o lixo, mas sirvam também para os resíduos da pecuária confinada e da agricultura. “Isso se caracteriza como um mercado gigantesco no Brasil, que sempre continuará a ser produtor e exportador de produtos agropecuários”, avaliou. (Fonte: Agência Brasil)

domingo, 3 de agosto de 2014

Brasil compensa dez vezes mais emissão de carbono no Mundial

O Brasil compensou quase dez vezes mais do que as projeções de emissões diretas de gases de efeito estufa geradas pela Copa do Mundo FIFA 2014 – número de gols que a Seleção levou apenas nos últimos dois jogos da competição. Com o encerramento, na última semana, de chamada pública do Ministério do Meio Ambiente (MMA), foram compensadas 545,5 mil toneladas de carbono equivalente (tCO2eq), unidade de medição das substâncias que interferem no aquecimento global. O número supera as 59,2 mil tCO2eq estimadas para atividades como obras, uso energético nos estádios e deslocamento de veículos oficiais.
A compensação decorreu da doação de créditos de carbono em resposta à chamada pública do MMA. O edital ficou aberto por três meses e teve a adesão de 16 empresas detentoras de Reduções Certificadas de Emissões (RCEs), os créditos de carbono, que são projetos brasileiros de compensação de emissões certificados pelas Nações Unidas. Nas operações, as RCEs foram canceladas das contas dos participantes de projetos com o objetivo de garantir que elas não sejam usadas futuramente para outros fins.
Legislação - A compensação não envolveu qualquer transação financeira e atende à responsabilidade ambiental amparada pela legislação brasileira. A ação do governo federal alinhada à iniciativa privada está prevista pelo Artigo 65 da Lei Geral da Copa. Conforme o dispositivo legal, as empresas que aderiram à chamada pública receberam o Selo Baixo Carbono. Além disso, as companhias foram incluídas em listagem organizada pelo poder público como doadoras oficiais de créditos de carbono do Mundial.
Inventário coordenado pelo MMA contabiliza as projeções de emissões do Mundial. De acordo com o documento, a Copa pode ter gerado o total de 1,406 milhão de tCO2eq, quando consideradas as emissões diretas e as indiretas. Desse total, a maioria teria sido gerada indiretamente pelo transporte aéreo internacional (87,1%) e nacional (9,2%). O restante se divide entre hospedagem (1,8%), obras (0,5%) e operações (1,4%). Até o fim do ano, será concluído um inventário definitivo com o número consolidado de emissões geradas pela Copa.

Saiba mais – O Protocolo de Kyoto, acordo internacional com metas de redução de gases de efeito estufa para os países desenvolvidos, criou um mercado voltado para a criação de projetos de diminuição da liberação desses gases na atmosfera. Os projetos desenvolvidos no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) geram RCEs, também conhecidas popularmente como créditos de carbono.

Apesar de considerado um fenômeno natural, o efeito estufa tem sido intensificado nas últimas décadas acarretando mudanças climáticas. Essas alterações resultam do aumento descontrolado das emissões de gases como o dióxido de carbono e o metano. A liberação dessas substâncias é consequência de atividades humanas como o transporte, o desmatamento, a agricultura, a pecuária e a geração e o consumo de energia. (Fonte: MMA)