segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
De cada 100 L de água, 36 L se perdem até chegar na sua casa.
De cada 100 litros de água
coletados, apenas 64 chegam sãos e salvos na casa do brasileiro, em média. O
restante fica pelo caminho. Um desperdício imperdoável para um recurso tão
precioso e cada vez mais escasso. O alerta, vem do Instituto Trata Brasil, que
periodicamente divulga relatórios sobre a situação do saneamento e do acesso à
água nos estados brasileiros.
Segundo Edison Carlos, presidente
da Ong, a perda de água no sistema nacional é em média de 36%, mas em algumas
regiões chega a 60%, caso do Ceará. O que justifica taxas tão elevadas? Quem
atua no setor tem a resposta na ponta da língua: faltam políticas eficientes e
claras de gestão de recursos hídricos e de esgoto no país.
Atualmente, o atendimento em
coleta de esgotos chega a apenas a 46,2% da população brasileira, enquanto a
distribuição de água atinge 81,1% em áreas urbanas e rurais, a uns bons passos
de distância da universalização, segundo dados da Trata.
Para o executivo
franco-brasileiro Yves Besse, presidente da CAB Ambiental, empresa do grupo
Galvão que opera concessões e parcerias público-privadas (PPP”s) em água e
esgoto, o problema reside na ineficiência das empresas que prestam esses
serviços. “Falta vontade política e um gestão otimizada”, disse.
Dilma Pena, presidente da Sabesp,
discorda. “Os prestadores de serviços precisam de orientações claras e
objetivas do poder público, mas elas não existem”, rebate. Para serem realmente
eficientes, segundo a executiva, as empresas precisam ter condição de planejar
suas ações de maneira alinhada com os objetivos do estado e suportar, ao longo
do tempo, esse objetivo. “O problema do saneamento no Brasil não se resolverá
em 10 anos, e pode demorar muito mais se não tivermos orientações nacionais
firmes e principalmente exequíveis”.
Vicente Andreu, presidente da
Agência Nacional de Águas, diz que os recursos financeiros para solucionar os
problemas de água e esgoto existem. “O que falta é foco, senso de prioridade do
tema”, afirmou. Segundo Anderu, mais da metade dos municípios brasileiros pode
ter problemas com o abastecimento de água ou dificuldade para receber água de
boa qualidade nos próximos anos. Já passou da hora de acertar o foco.
sábado, 10 de novembro de 2012
MENSAGEM PARA UMA REFLEXÃO PROFUNDA
sábado, 13 de outubro de 2012
Espaço ocupado na mídia por céticos climáticos gera debate.
Escolha de
entrevistados polêmicos na cobertura da imprensa brasileira sobre o aquecimento
global pode enfraquecer a pressão social para que autoridades estabeleçam ações
de adaptação e mitigação.
A desconfiança dos
brasileiros com relação ao aquecimento global está aparentemente maior do que
nunca, com especialistas contrários ao fenômeno assumindo status de verdadeiras
celebridades nacionais. Pesquisadores climáticos, contudo, divergem sobre qual
deve ser a resposta da comunidade científica e alguns defendem que o ideal é
ignorar os céticos.
Uma dessas novas
personalidades entre os céticos é o professor Ricardo Augusto Felício, do
Departamento de Geografia da USP, que ganhou notoriedade ao aparecer no
programa de Jô Soares afirmando que atribuir problemas climáticos à presença do
dióxido de carbono (CO2) na atmosfera seria ridículo. O vídeo do programa no
Youtube já ultrapassou mais de 700 mil visualizações.
Outro nome forte entre
os céticos brasileiros é o do professor Luiz Carlos Baldicero Molion, da
Universidade Federal de Alagoas. Há anos Molion contesta estudos sobre as
mudanças climáticas, sendo que recentemente foi entrevistado pela Folha de São
Paulo e também foi a fonte mais citada na série “Aquecimento global, uma dúvida
conveniente” do Jornal da Band.
“A comunidade
científica é um meio democrático. Mas quem escolhe o espaço para essa ou aquela
fonte é a imprensa, que muitas vezes opta por ser sensacionalista”, destacou
Reynaldo Luiz Victoria, da Coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa em
Mudanças Climáticas Globais, durante o evento Gestão dos Riscos dos Extremos
Climáticos e Desastres na América Central e na América do Sul.
O crescimento do espaço
dos céticos não parece preocupar os cientistas ligados ao Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). José Marengo, pesquisador do
Centro de Ciência do Sistema Terrestre do INPE, por exemplo, não enxerga os
céticos como ameaça e prefere ignorá-los.
“Não temos porque
retrucar, seria apagar fogo com gasolina. Não precisamos dar mais dez minutos
de fama para essas pessoas. Se a imprensa quisesse, poderia nos procurar para
confirmar as informações que conseguiram. Mas isso nunca acontece”, declarou
Marengo.
Para o ambientalista
Fábio Feldman, essa postura de não enfrentamento é ruim para o desenvolvimento
de políticas públicas para as mudanças climáticas.
“Toda a vez que uma
dessas pessoas aparece na mídia, mais cidadãos deixam de participar de
movimentos que pressionam o governo para agir. A desinformação deixa as pessoas
confusas”, explica.
Sobre o professor
Ricardo Augusto Felício, Feldman destaca que a USP deveria ter vindo a público.
“Ao não se manifestar, o Departamento de Geografia está praticamente assumindo
como corretas as informações de Felício. O que, até onde eu sei, não é
verdade.”
Vicente Barros, do
Centro de Investigação do Mar e da Atmosfera da Universidade de Buenos Aires,
destaca que existem fundamentos sólidos nas ciências climáticas.
“O IPCC analisa dezenas
de milhares de estudos científicos para formular seus relatórios. É um trabalho
sério, que apesar de já ter apresentado erros no passado, jamais poderia ser
considerado uma ‘fraude’. Quem insiste nesse tipo de conspiração é desinformado
ou mal intencionado”, declara.
Para Barros, o número
de céticos vem caindo no mundo. “Cada nova pesquisa diminui as margens para
dúvidas. Um dos últimos estandartes do ceticismo, a Universidade de Berkeley,
acaba de mudar sua postura. Apesar dos cidadãos de alguns países serem mais resistentes
que outros à ideia das mudanças climáticas, todos os Estados-membros das Nações
Unidas estão ao lado do IPCC.”
Ana Deysi Lopez, do
Ministério de Meio Ambiente de El Salvador, resumiu como seu país deixou de ter
céticos. “A realidade nos golpeou. As perdas, econômicas e de vidas, causadas
por fenômenos climáticos extremos aumentaram muito nos últimos anos. Diante dos
números, não há mais dúvidas de que o governo precisa agir.”
Fabiano Ávila - Fonte: Instituto CarbonoBrasil
sábado, 22 de setembro de 2012
‘Rios voadores’ da Amazônia transportam água para o Brasil.
Enquanto a seca causa estragos
no mundo e cresce a inquietação com colheitas e reservas hídricas, o piloto e
aventureiro anglo-suíço naturalizado brasileiro Gérard Moss mostra os “rios
voadores” da Amazônia, cursos d’água atmosféricos que têm origem na floresta e
alimentam as chuvas no Brasil e na América do Sul.
“As mudanças climáticas estão
cobrando seu preço, os Estados Unidos vivem a pior seca em meio século, a
Rússia sofre com a seca, na Índia há anos as monções não são regulares, e no
Brasil parece que somos menos afetados porque temos a maior floresta tropical
do mundo, que ajuda a regular o clima”, explica Moss, enquanto pilota seu
monomotor com destino a Goiânia.
Durante o voo, Moss observa um
indicador que mede a umidade do ar sobre o cerrado. Ele usa o medidor para
localizar os “rios voadores”, nome dado às massas de vapor d’água que a
Amazônia lança na atmosfera. “Pouca gente sabe que na Amazônia uma única árvore pode colocar na atmosfera
mais de 1 mil l d’água em um dia, e que a selva amazônica consegue colocar mais
água na atmosfera em um dia do que a transportada pelo rio mais caudaloso do
mundo, o Amazonas”, explica.
Em expedições em avião e
balão, Moss leva cinco anos demonstrando que a floresta amazônica não só limpa
o ar do planeta, como garante umidade e chuvas para o Brasil e parte da América
do Sul, uma região enorme produtora e exportadora de alimentos.
Os rios voadores, conta,
partem da Amazônia até os Andes, que agem como barreira natural, e redirecionam
as gigantescas massas de vapor principalmente rumo ao centro-oeste, o sudeste e
o sul do Brasil, mas também para o norte de Argentina, Uruguai, Paraguai,
Colômbia, e ainda para Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e Suriname. “O Peru
recebe um pouco desta água, mas se não houvesse a cordilheira, certamente
receberia tudo”, explica Moss.
Nascido na Inglaterra e criado
na Suíça, entre Montreux e Vevey, o apaixonado piloto de 57 anos chegou ao
Brasil nos anos 1980 para trabalhar na exportação de soja, e uma década depois
mudou radicalmente de trabalho para se dedicar ao meio ambiente, ao lado da
esposa Margi Moss, fotógrafa nascida no Quênia.
Ele ganhou fama em 2001,
quando fez a primeira volta ao mundo em planador motorizado, uma aventura que
durou 100 dias, durante os quais fazia transmissões ao vivo, todos os domingos,
para a televisão brasileira. Em 2003, o casal embarcou em um pequeno hidroavião
com o qual coletou durante um ano mais de mil amostras dos rios e lagos mais
remotos do país, que possui 12% das reservas de água doce do planeta.
“Constatamos que 85% das águas
são limpas, o que demonstra que o Brasil tem uma grande riqueza, mas também que
nas regiões habitadas a qualidade é péssima, não se investe para preservar esta
riqueza”, lamenta Moss.
De Belém a São
Paulo sobre um rio voador – A aventura aérea e
ambiental prosseguiu em 2006, com o projeto Rios Voadores, no qual embarcaram
importantes cientistas que já tinham advertido para o fenômeno e agora utilizam
os dados para confirmá-lo. Eles criaram equipamentos adaptados ao monomotor e a
um balão aeroestático, com o qual Moss percorreu o país para condensar e analisar
gotas do vapor atmosférico originadas na Amazônia.
O piloto chegou a viajar oito
dias na trajetória de um rio voador, da cidde amazônica de Belém ao Pantanal
(centro-oeste) e a São Paulo (sudeste). “Era uma massa enorme de vapor d’água,
equivalente ao que São Paulo consome em 115 dias, foi muito bom para divulgar
os nossos resultados”, explica.
Com estes estudos, o
respeitado Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) traça diariamente
trajetórias das correntes de umidade amazônica por todo o Brasil, enquanto o
projeto se concentra agora em divulgar os resultados para alcançar seu
objetivo: ajudar a salvar a Amazônia. “Nosso objetivo é que uma criança em São
Paulo ou um produtor do sul saibam que sua agricultura e sua energia dependem
muito da água que chega da Amazônia”, diz Moss.
Os cientistas calculam que
quase 20% da Amazônia já tenha sido destruída e alguns indicam que se a
destruição chegar a 35% ou 40%, atingirá um ponto sem volta frente ao avanço do
cerrado. O Brasil alcançou um pico de desmatamento em 2004, com 27 mil km².
Conseguiu reverter a tendência a mínimos históricos, mas ainda perde 6,4 mil
km² de selva amazônica por ano. (Fonte: Portal Terra).
domingo, 2 de setembro de 2012
Derretimento de geleira na Itália revela munição da 1ª Guerra Mundial.
Quase 200 objetos foram
encontrados em montanha de Trentino, na Itália.
Munição teria sido usada em
batalhas entre 1915 e 1918. Mais de 200 peças de munição usadas na 1ª Guerra
Mundial surgiram depois do derretimento de geleira no pico de uma montanha em
Trentino, na Itália. Cada peça encontrada pesa entre 7 e 10 kg.
Os artefatos de guerra foram
descobertos a uma altitude de 3.200 metros quando a geleira Ago de Nardis foi
parcialmente derretida devido a uma recente onda de calor que atingiu em picos
mais altos da Itália. A unidade de polícia dos Alpes viu pontos de metal
emergirem do gelo espalhados em uma área de 100 metros quadrados. As fotos
foram feitas na última sexta-feira (31)
Especialistas estiveram no local
e disseram que as munições não foram descartadas, mas utilizadas durante a
série de batalhas entre os exércitos do Império Austro-Húngaro e Itália entre
1915 e 1918.
domingo, 26 de agosto de 2012
ÁGUA
A revisora de pesquisas
da mais importante revista inglesa de medicina e uma das mais respeitadas no
mundo, a British Medical Journal, avaliou centenas de estudos sobre as bebidas
para esportistas e concluiu que, além de não ter benefício algum, elas podem
até prejudicar a saúde. Há décadas, maratonistas eram orientados a se hidratar
com moderação, pois o peso extra de líquidos os tornaria mais lentos. Hoje, o
conceito médico é de orientar a hiperidratação até antes de se iniciarem os
exercícios. Por que isso mudou? Uma das conclusões do estudo é que a indústria
dessas bebidas patrocinou pesquisas de baixa qualidade e associações médicas
ligadas aos esportes, para que se criasse um falso conceito de que todo
mal-estar provocado pelo esforço físico prolongado ocorre única e
exclusivamente por desidratação, principalmente o fenômeno da hipertermia de
que sofrem alguns atletas maratonistas.
A primeira medida foi
minar o conceito de que o nosso corpo sabe quando precisamos de água e sal.
Esse equilíbrio em nosso corpo é o mais primitivo e mais perfeito que existe.
Desde que o primeiro organismo vivo existe ele precisou criar um mecanismo de equilíbrio
entre o conteúdo intracelular e o ambiente extracelular. Isso se chama
homeostase. Os organismos multicelulares precisaram criar um sistema que
simulasse esse ambiente marítimo entre suas células, por isso a quantidade de
sal que temos no sangue é próxima à da água do mar e é extremamente estável:
qualquer mudança intensa ou brusca para cima ou para baixo no teor de sal do
nosso sangue terá consequências catastróficas.
O estudo da BMJ
descobriu que com a criação da maratona de Nova York houve um boom de atletas
em todo o mundo e a indústria descobriu um novo nicho de negócios, suplementos
e bebidas para esporte. Nos anos 60, a primeira bebida com sódio, potássio e
açúcar foi desenvolvida especificamente para corredores por um nefrologista da
Universidade da Flórida. Torcedor do time de futebol americano Gators, o doutor
Robert Cade deu um toque de limão no drink e o nomeou Gatorade. Hoje, a
indústria de bebidas esportivas fatura 1,6 bilhão de dólares e é dominada pela
mesma que produz os refrigerantes, hoje condenados como causa da obesidade
infantil e juvenil.
De acordo com os
revisores dos estudos, tudo começou em 2005, quando o imbatível time de
críquete da Austrália perdeu para a Inglaterra e o pesquisador de um estudo
patrocinado pela Gatorade que estava em andamento com jogadores declarou à
imprensa que 50% dos atletas terminaram a partida desidratados e por isso
teriam perdido o jogo. A partir daí, uma enxurrada de estudos apareceu culpando
a desidratação por quase tudo.
O grupo de revisores da
BMJ avaliou todos os estudos enviados pelas empresas que produzem essas
bebidas. Foram 106 trabalhos os analisados e 76 deles apresentavam graves
falhas nas conclusões dos resultados. A dra. Cohen alerta que a grande maioria
das orientações médicas feitas por entidades como a Associação Americana de
Treinadores de Atletas e o Comitê Olímpico de Nutrição em Esportes é
patrocinada pelas indústrias desses produtos. Além dos atletas, crianças e
sedentários também recebem um bombardeio de informações errôneas divulgadas
pela mídia leiga e especializada, de que essas soluções isotônicas são melhores
que a água, e que não se pode confiar no mais primordial sentido de
preservação, a sede.
Para os autores, tem
ocorrido a criação de uma doença com fins mercantilistas. O uso abusivo de
líquidos durante os exercícios também é perigoso, pois dilui o sal do corpo e
provoca a hiponatremia, que pode levar a vômitos, dor de cabeça, cãibras e convulsões.
Além do potássio e do sódio, as soluções são ricas em carboidratos e aumentam o
risco de obesidade, e a falsa impressão de que essas bebidas são “fisiológicas”
estimula seu consumo entre as crianças. Os autores da revisão chamam a atenção
para a doença criada pela indústria de bebidas, que promove a hiperidratação. E
recomendam: os atletas devem confiar não na propaganda, mas na sede.
domingo, 19 de agosto de 2012
Presidenta Dilma vetou 12 artigos no Código Florestal e fez 32 alterações por MP.
A presidente Dilma
Rousseff vetou parcialmente o novo Código Florestal (PL 1876/99) aprovado pela
Câmara dos Deputados e determinou 32 mudanças em trechos que, em linhas gerais,
buscam anular a anistia a desmatadores, beneficiar o pequeno produtor e
favorecer a preservação ambiental. Os vetos ainda serão analisados pelo
Congresso, que pode derrubá-los.
Entre as alterações, 14
recuperam o texto do Senado, cinco são dispositivos novos e 13 são ajustes ou
adequações de conteúdo, conforme informou o chefe da Advocacia-Geral da União,
ministro Luis Inácio Adams.
O prazo para sanção
presidencial do texto, que trata da preservação ambiental em propriedades
rurais, vencia nesta sexta. Para suprir os vácuos jurídicos deixados com os
vetos, o governo vai publicar uma medida provisória na segunda-feira (28) no
Diário Oficial da União juntamente com o
Código Florestal.
Sem
anistia a desmatadores
A ministra do Meio
Ambiente, Izabella Teixeira, disse que o veto parcial foi feito para impedir a
redução da proteção ambiental, para promover a restauração ambiental e para que
todos pudessem fazer isso, sem anistia e sem regras flexibilizadas. A ministra
argumentou que alguns pontos eram inconstitucionais ou ofereciam insegurança
jurídica.
"Não vai ter
anistia para ninguém, todos devem recompor áreas desmatadas, mas isso seguirá o
tamanho das propriedades", reforçou o ministro do Desenvolvimento Agrário,
Pepe Vargas.
A ministra ressaltou
que o governo resgatou pontos do Código Florestal aprovados no Senado, mas
derrubados na Câmara. Um deles diz respeito ao o Cadastro Ambiental Rural
(CAR), que é um registro eletrônico no qual são reunidas todas as informações
ambientais das propriedades rurais.
Izabella Teixeira
informou que o agricultor terá de fazer o cadastro para obter financiamentos do
governo. "Só vai ter acesso a crédito quem fizer o CAR e PRA [Programa de
Regularização Ambiental] no prazo de cinco anos. Quem não fizer não terá acesso
a crédito público."
A ministra também
afirmou que não vai haver anistia aos desmatadores. De acordo com a ministra,
quando o proprietário que tiver uma área a recompor se inscrever no Cadastro
Ambiental Rural, a multa vai ser suspensa. Depois, ela só vai ser convertida
quando for comprovada a restauração das matas.
Escalonamento
da preservação
A medida provisória que
será publicada escalona as áreas a serem reflorestadas de acordo com os
tamanhos dos rios e das propriedades.
Uma das principais
mudanças do governo no novo Código Florestal foi a ampliação da faixa que
deverá ser reflorestada nas margens de rios em áreas de proteção ambiental
(APPs). Os produtores rurais terão que recompor entre 5 e 100 metros de
vegetação nativa das APPs nas margens dos rios, dependendo do tamanho da
propriedade e da largura dos rios que cortam os imóveis rurais.
Veja
a apresentação sobre os vetos e alterações no Código Florestal.
As novas regras vão
substituir o Artigo 61 do código aprovado pela Câmara dos Deputados no fim de
abril. O texto só exigia a recuperação da vegetação de APPs ao longo de rios
com, no máximo, 10 metros de largura. Ele não previa nenhuma obrigatoriedade de
recuperação dessas áreas nas margens dos rios mais largos.
“Fizemos [a mudança]
considerando o tamanho da propriedade, a largura de rio, o impacto da
regularização no tamanho da propriedade; consideramos os fatores social e
ambiental”, explicou a ministra Izabella Teixeira.
Para imóveis rurais com
até 1 módulo fiscal (unidade de área que varia de 5 a 110 hectares, acordo com
a região do País), o proprietário terá que recompor na APP uma faixa de 5
metros de largura a partir da calha do rio, independentemente do tamanho do
curso d'água. Se houver outras APPs na propriedade, a área preservada não
poderá ultrapassar 10% da área total do imóvel.
Nas propriedades entre
1 e 2 módulos fiscais, a faixa a ser reflorestada deverá ter 8 metros, qualquer
que seja a largura do rio. Nos imóveis rurais entre 2 e 4 módulos fiscais, os
proprietários terão que recuperar 15 metros. No caso de imóveis entre 4 e 10
módulos rurais, a largura da recomposição da mata nativa será 20 metros nas
APPs ao longo de rios de até 10 metros de largura, e 30 metros a 100 metros nas
margens de rios mais largos.
Grandes
proprietários
Os grandes
proprietários de terras, com imóveis com mais de 10 módulos fiscais, serão
obrigados a recompor, no mínimo, faixas de 30 metros de largura nas APPs ao
longo de pequenos cursos d'água (com 10 metros de largura) e entre 30 metros e
100 metros nas margens de rios maiores, com mais de 10 metros de largura.
A criação de escalas de
recomposição, segundo o governo, vai garantir a maior preservação das margens
de rios e beneficiar os pequenos agricultores. Segundo Pepe Vargas, os
principais beneficiados serão os agricultores familiares. “Quem tem menos área
de terra vai recompor menos e quem tem mais vai recompor mais APP. Estamos aqui
estabelecendo um principio de justiça, preservando aqueles que produzem
alimentos saudáveis, preservando o meio ambiente”
Segundo levantamento do
governo, 65% dos imóveis rurais têm até um módulo fiscal e correspondem a 52
milhões de hectares e a 9% da área agrícola do País. Já as propriedades com até
4 módulos fiscais, designadas como de agricultura familiar, representam cerca
de 90% dos imóveis rurais e 24% da área agrícola.
Para o ministro da
Agricultura, Mendes Ribeiro, as mudanças vão garantir a capacidade de produção
e a segurança jurídica ao setor rural. "Esse não é o código dos
ambientalistas, e não é o código dos ruralistas. Esse é o código daqueles que
têm bom senso, daqueles que acreditam que o Brasil pode produzir com todo o
respeito ao meio ambiente."
Bancada
ruralista
O deputado Luis Carlos
Heinze (PP-RS), da bancada ruralista, afirmou que concorda com alguns pontos,
como a definição das distâncias para margens de rios em pequenas propriedades:
“É o que queríamos para as áreas consolidadas.”
Ele informou que na
segunda-feira (28) à tarde a bancada ruralista pretende se reunir para avaliar
o texto completo dos vetos.
Ambientalistas
Já o deputado Alfredo
Sirkis (PV-RJ) ainda vai analisar de forma mais aprofundada os vetos, mas disse
considerá-los positivos: “Foi aprovada na Câmara uma versão aberrante, com um
exagero de agressões ao meio ambiente.”
domingo, 12 de agosto de 2012
Estudo sobre mudanças climáticas pretende fazer céticos mudarem de ideia.
A
superfície da Terra ficou 1,5ºC mais quente nos últimos 250 anos e o aumento de
temperatura se deve quase inteiramente ao homem, revela um estudo científico. O
estudo foi feito para analisar as dúvidas dos céticos climáticos que questionam
a afirmação de que o aquecimento global induzido pelo homem está ocorrendo.
O
professor Richard Muller, físico e cético das mudanças climáticas que fundou o
projeto Berkeley da Temperatura da Superfície Terrestre (Best, na sigla em
inglês), disse ter ficado surpreso com as descobertas.
“Não
esperávamos isso, mas, como cientistas, é nosso dever deixar que as evidências
mudem nossas opiniões.” Ele acrescentou que agora se considera um “cético
convertido” e que suas opiniões sofreram uma “reviravolta total” em um prazo
curto de tempo.
“Nossos
resultados mostram que a temperatura média da superfície da Terra subiu 2,5ºF
nos últimos 250 anos, incluindo uma elevação de 1,5ºC ao longo dos últimos 50
anos. Ademais, parece provável que toda essa elevação tenha resultado por causa
das emissões humanas de gases estufa”, escreveu Muller em artigo para o “New
York Times”.
A equipe
de cientistas da Universidade da Califórnia em Berkeley colheu e fundiu 1,4
milhão de observações de temperatura terrestre de 44.455 locais em todo o
mundo, datadas de a partir de 1753.
Os
conjuntos anteriores de dados criados pela Nasa, a Administração Oceânica e
Atmosférica Nacional dos EUA, o Escritório Meteorológico britânico e a unidade
de pesquisas climáticas da Universidade de East Anglia vinham desde apenas
meados do século 19 e eram baseados em um quinto da quantidade de registros de
estações meteorológicas.
O
financiamento do projeto incluiu US$ 150 mil da Fundação Beneficente Charles G.
Koch, criada pelo bilionário magnata americano do carvão Charles Koch, que é um
dos apoiadores principais do “think tank” Instituto Heartland, cético das
mudanças climáticas. A pesquisa também recebeu US$ 100 mil do Fundo para
Pesquisas Climáticas e Energéticas Inovadoras, criado por Bill Gates.
Diferentemente
de esforços anteriores, os dados de temperatura obtidos de fontes diversos não
foram homogeneizados à mão, algo que tinha suscitado uma das críticas
principais dos céticos climáticos. Ao invés disso, a análise estatística foi
“completamente automatizada para reduzir o viés humano”. A equipe do Best
concluiu que, apesar de sua análise mais profunda, suas conclusões
corresponderam de perto às reconstruções anteriores da temperatura, “só que com
incerteza reduzida”.
Em
outubro passado a equipe do Best publicou resultados indicando que temperatura
terrestre global média subiu cerca de 1ºC desde meados da década de 1950. Mas a
equipe não procurou possíveis impressões digitais que explicassem esse
aquecimento.
A análise
mais recente chegou a um passado muito mais distante, mas, crucialmente, também
procurou a mais provável causa da elevação da temperatura. Ela analisou o
impacto aquecedor da atividade solar – uma teoria popular entre os céticos
climáticos -, mas constatou que, nos últimos 250 anos, a contribuição do Sol
tem “correspondido a zero”.
Constatou-se
que erupções vulcânicas provocaram quedas curtas na alta da temperatura no
período de 1750-1850, mas “apenas análogos fracos” no século 20.
“Para
minha grande surpresa, de longe a melhor correspondência foi com o registro do
dióxido carbônico atmosférico, medido em amostras atmosféricas e em ar preso no
gelo polar”, disse Muller. “Embora isto não comprove que o aquecimento global
seja causado por gases estufa emitidos pelo homem, neste momento essa é a
melhor explicação que encontramos. Outras teorias alternativas terão que
superar esta explicação.”
“Transparência total” –
Muller disse que as conclusões de sua equipe vão mais longe e são mais
fundamentadas que o relatório mais recente lançado pelo Painel
Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas.
Numa
iniciativa não convencional que visa apaziguar os céticos climáticos, pelo fato
de permitir “transparência total”, os resultados foram divulgados publicamente
pelo “Journal of Geophysical Research” antes de serem submetidos a uma revisão
por pares.
Todos os
dados e análises se encontram no site da Best, onde podem ser estudados
livremente. Isso segue o padrão adotado por resultados anteriores obtidos pelo
Best, nenhum dos quais até agora foi publicado em periódicos submetidos a
revisão por pares.
Quando o
projeto Best foi anunciado, no ano passado, o conhecido blogueiro cético
climático Anthony Watts foi consultado sobre a metodologia. Ele declarou na
época: “Estou disposto a aceitar qualquer resultado que eles produzirem, mesmo
que ele desminta minhas premissas”. Desde então, contudo, surgiram tensões
entre Watts e Muller.
Os
primeiros indicativos sugerem que é pouco provável que os céticos climáticos
aceitem plenamente os resultados mais recentes do Best. A professora Judith
Curry, climatologista do Instituto Georgia de Tecnologia, diretora de um blog
popular entre céticos climáticos e membro consultivo da equipe Best, disse ao
“Guardian” que o método usado para atribuir o aquecimento às emissões humanas
foi “simplista e nada convincente, em minha opinião”.
Ela
acrescentou: “Não creio que esta pergunta possa ser respondida com as curvas
simples usadas neste artigo, e não creio que o artigo acrescente qualquer coisa
à nossa compreensão das causas do aquecimento recente”.
“Bastão de hóquei” - O
professor Michael Mann, paleoclimatologista da Universidade Penn State que vem
enfrentando hostilidade de céticos climáticos por seu famoso gráfico do “bastão
de hóquei”, mostrando uma elevação rápida das temperaturas no século 20, disse
que saúda os resultados do Best, já que “demonstram de novo algo que os
cientistas sabem com algum grau de certeza há quase duas décadas”.
Ele
acrescentou: “Aplaudo Muller e seus colegas por agirem como agiria qualquer
cientista digno, seguindo o rumo indicado por suas análises, sem levar em conta
possíveis repercussões políticas. Em função do que descobriram, eles certamente
serão criticados pela turma dos negadores profissionais das mudanças
climáticas.”
Muller
disse que a análise de sua equipe sugere que a temperatura da superfície
terrestre vai subir 1,5ºC nos próximos 50 anos, mas que, se a China continuar
com seu crescimento econômico acelerado e seu consumo enorme de carvão, o mesmo
aquecimento poderá ocorrer em menos de 20 anos.
“A
ciência é aquele campo estreito de conhecimento que, em princípio, é
universalmente aceito”, escreveu Muller. “Iniciei esta análise para encontrar
respostas a perguntas que, a meu ver, não tinham sido respondidas ainda”,
disse.
“Espero
que a análise Berkeley Earth ajude a resolver as divergências científicas com
relação ao aquecimento global e suas causas humanas. A parte difícil virá em
seguida: chegar a um acordo, envolvendo todo o espectro político e diplomático,
sobre o que pode e deve ser feito.” (Fonte: ambiente sustentável)
sábado, 4 de agosto de 2012
Supertempestade solar pode matar milhões, diz relatório nos EUA
Uma gigantesca
liberação de partículas geomagnéticas vindas do Sol poderia destruir mais de
300 dos 2.100 transformadores de alta voltagem que são a espinha dorsal da rede
elétrica dos EUA, segundo a Academia Nacional de Ciências norte-americana.
O Sol está entrando em
um período de atividade intensa, conhecido como “máximo solar”, que deve
atingir seu auge em 2013. Por isso, há um ímpeto por parte de um grupo de
agências federais para buscar maneiras de preparar os EUA para uma grande
tempestade solar nesse ano.
Especialistas dos EUA
estimam em até 7 por cento o risco de uma grande tempestade em 2013. Pode
parecer pouco, mas os efeitos seriam tão amplos – semelhantes à colisão com um
grande meteorito – que o fato tem atraído a atenção das autoridades.
Apagões isolados podem
causar caos, como ocorreu em julho, na Índia, quando mais de 600 milhões de
pessoas ficaram sem energia durante várias horas em dois dias consecutivos. Já
um blecaute de longa duração, como o que poderia acontecer no caso de uma enorme
tempestade solar, teria efeitos mais profundos e custosos.
Há discordâncias sobre
o custo, mas especialistas do governo dos EUA e da iniciativa privada admitem
que se trata de um problema complexo, que exige uma solução coordenada.
Um relatório da Academia
Nacional de Ciências estimou que cerca de 365 transformadores de alta voltagem
no território continental dos EUA poderiam sofrer falhas ou danos permanentes,
que exigiriam a substituição do equipamento.
A troca poderia levar
mais de um ano, e o custo dos danos no primeiro ano após a tempestade poderia
chegar a dois trilhões, disse o relatório. As áreas mais vulneráveis ficam no
terço leste dos EUA, do Meio-Oeste à costa atlântica, e no Noroeste do país.
A rede elétrica
nacional foi construída ao longo de décadas para transportar a eletricidade ao
preço mais baixo entre os locais de geração e consumo. Uma grande tempestade
solar tem a capacidade de derrubar a rede, segundo o relatório dos cientistas.
De acordo com
estimativas do relatório, mais de 130 milhões de pessoas nos EUA poderiam ser
afetadas. Andres disse que no pior cenário a cifra de mortos poderia chegar a
milhões.
Outros países também
sentiriam o impacto se uma supertempestade solar atingisse seu sistema de
energia, mas o dos EUA é tão amplo e interconectado que qualquer grande impacto
teria resultados catastróficos no país. (Fonte: Portal iG)
quinta-feira, 19 de julho de 2012
O sol nasce para todos, mas o Brasil não aproveita.
Não falta sol no Brasil, mas o aproveitamento de sua energia é uma possibilidade que ainda desponta muito timidamente no horizonte do país. Na geração de eletricidade, por exemplo, há apenas oito “usinas” solares, nada perto das 985 centrais e usinas hidrelétricas do país.
No mercado de aquecimento solar de água, apesar de ocupar a sexta posição do ranking mundial elaborado pela Agência Internacional de Energia, em números absolutos a capacidade brasileira se distancia – e muito – da chinesa, a primeira colocada. Enquanto a China tem capacidade de 117,6 mil megawatts térmicos (MWth, unidade utilizada para medir a potência térmica), o Brasil conta com apenas 4.278 MWth.
“O desenvolvimento de fontes de energia renováveis ocorre de forma mais rápida onde não há outras opções”, explica Lucio Teixeira, diretor de Finanças Corporativas da Ernst & Young Terco. “No Brasil, temos uma oferta muito grande de recursos hídricos, discrepante em relação a outros países. Assim, é natural que se foque nesse tipo de energia”, complementa.
Porém, tão abundante quanto os rios é a presença do sol no país tropical. De acordo com artigo publicado na revista Solar Energy, o local com o pior grau de irradiação no país ainda é 40% superior ao melhor da Alemanha – onde o uso de energia solar é muito mais desenvolvido.
Para desenvolver o mercado, informam os especialistas, ainda faltam incentivos. “Para sermos competitivos, devemos investir em inovação e criar facilidades para pesquisadores e investidores”, analisa Eloy Casagrande Jr., doutor em Engenharia de Recursos Minerais e Meio Ambiente e coordenador do Escritório Verde da UTFPR.
Para Teixeira, três pontos têm de ser considerados para atrair investidores. “O primeiro deles é a tecnologia, que precisa ser disponível. E isso já temos. Depois, é preciso um ambiente de contratação favorável, isto é, o poder público precisa criar mecanismos para incentivar os investimentos – como os leilões do setor elétrico”, continua. Nos últimos meses, o governo aprovou algumas medidas para incentivar o uso de energias renováveis e sistemas de eficiência energética, mas, para o analista, elas ainda não são suficientes. Por fim, Teixeira destaca que a viabilidade econômico-financeira precisa ser encontrada. Para isso, diz, é necessário o desenvolvimento da indústria nacional, já que a compra de equipamentos brasileiros baratearia financiamentos e tornaria o negócio mais atraente aos olhos dos investidores.
Benefícios – Os benefícios do uso da energia solar envolvem aspectos ambientais e econômicos. “Cada metro quadrado de energia solar evita 56 metros quadrados de área inundada por hidrelétrica”, diz Marcelo Mesquita, gestor do Departamento Nacional de Aquecimento Solar (Dasol), ligado à Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava).
Usar aquecimento solar em vez de energia elétrica para a água do banho pode levar a uma economia de cerca de 30% na conta de energia elétrica. Um estudo divulgado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) na última terça-feira revela que a energia elétrica solar já é viável para 15% dos lares brasileiros.
O mercado de aquecimento solar no Brasil cresceu a uma média de 15% nos últimos três anos, de acordo com o Departamento Nacional de Aquecimento Solar (Dasol). Em 2011, movimentou cerca de US$ 500 milhões. “É importante que haja diversidade”, comenta Marcelo Mesquita, gestor do Dasol, sobre a possível vinda da Himin. “O consumidor tem que ter bons produtos e se uma empresa está se propondo a oferecer isso, é bem vinda.”
Mesquita destaca, porém, que é difícil fazer qualquer análise, uma vez que não se sabe se os planos da empresa serão mesmo concretizados. Se isso ocorrer, a franquia chinesa teria mais lojas que o total de empresas de aquecimento solar hoje existentes no Brasil – são cerca de 2 mil.
A Himin Solar foi criada em 1995 e sua fábrica tem mais de 4 mil funcionários. É Huang Ming o idealizador do Solar Valley, maior base de produção de energia solar do mundo, localizado na China. Ele funciona como uma cidade, com hotéis, fábricas, centros de pesquisa e convenções. (Fonte: Gazeta do Povo/PR).
2012 EUA registram os 12 meses mais quentes de sua história
Pela primeira vez, entre julho de 2011 e junho de 2012, os Estados Unidos tiveram os meses mais quentes de sua história, desde que a medição oficial de temperaturas começou, em 1895.
A informação consta num relatório do Centro Nacional de Dados Climáticos, da Administração Nacional para os Oceanos e Atmosfera (NOAA, sigla em inglês). Há ainda um dado mais perturbador: a probabilidade do país viver uma sequência ininterrupta de calor como a verificada nos últimos 12 meses é de apenas uma em 1,69 milhões.
Motivos não faltam para se preocupar. Em 2011, os EUA enfrentaram fortes chuvas, nevascas, enchentes e secas monstruosas, sinais do que os cientistas chamaram de uma “nova normalidade” de eventos naturais extremos causados pelas mudanças climáticas.
Ao que tudo indica, 2012 promete ser pior. Só no mês de junho, considerado o mais quente do período, pelo menos 170 recordes de temperaturas máximas foram igualados ou mesmo ultrapassados. Para se ter uma ideia, os termômetros nos estados da Carolina do Sul e da Georgia chegaram aos 45º C e 44ºC, respectivamente.
A onda de calor matou pelo menos 46 pessoas em todo o país, a maioria idosos, com problemas de saúde. Secas extremas causaram incêndios em alguns condados e cidades do centro-oeste (Arizona, Novo México, Utah, Wyoming, Montana e Colorado). Uma série de violentas tempestades também castigou alguns estados do leste do país, deixando mais de 2 milhões de usuários sem eletricidade. (Fonte: Exame.com)
sábado, 23 de junho de 2012
CÚPULA DOS POVOS NA RIO+20 POR JUSTIÇA SOCIAL E AMBIENTAL EM DEFESA DOS BENS COMUNS, CONTRA A MERCANTILIZAÇÃO DA VIDA. (resumo do documento final).
Movimentos
sociais e populares, sindicatos, povos, organizações da sociedade civil e
ambientalistas de todo o mundo presentes na Cúpula dos Povos na Rio+20 por
Justiça Social e Ambiental, vivenciaram nos acampamentos, nas mobilizações
massivas, nos debates, a construção das convergências e alternativas,
conscientes de que somos sujeitos de uma outra relação entre humanos e humanas
e entre a humanidade e a natureza, assumindo o desafio urgente de frear a nova
fase de recomposição do capitalismo e de construir, através de nossas lutas,
novos paradigmas de sociedade.
A Cúpula dos Povos é o momento simbólico de um novo ciclo na
trajetória de lutas globais que produz novas convergências entre movimentos de
mulheres, indígenas, negros, juventudes, agricultores/as familiares e
camponeses, trabalhadore/as, povos e comunidades tradicionais, quilombolas,
lutadores pelo direito a cidade, e religiões de todo o mundo. As assembleias,
mobilizações e a grande Marcha dos Povos foram os momentos de expressão máxima
destas convergências.
A transformação social exige convergências de ações, articulações
e agendas a partir das resistências e alternativas contra hegemônicas ao sistema
capitalista que estão em curso em todos os cantos do planeta. Os processos
sociais acumulados pelas organizações e movimentos sociais que convergiram na
Cúpula dos Povos apontaram para os seguintes eixos de luta:
Contra a
militarização dos Estados e territórios;
Contra a
criminalização das organizações e movimentos sociais;
Contra a violência
contra as mulheres;
Contra a violência
as lesbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgeneros;
Contra as grandes
corporações;
Contra a imposição
do pagamento de dívidas econômicas injustas e por auditorias populares das
mesmas;
Pela garantia do
direito dos povos à terra e território urbano e rural;
Pela consulta e
consentimento livre, prévio e informado, baseado nos princípios da boa fé e do
efeito vinculante, conforme a Convenção 169 da OIT;
Pela soberania
alimentar e alimentos sadios, contra agrotóxicos e transgênicos;
Pela garantia e
conquista de direitos;
Pela solidariedade
aos povos e países, principalmente os ameaçados por golpes militares ou
institucionais, como está ocorrendo agora no Paraguai;
Pela soberania dos
povos no controle dos bens comuns, contra as tentativas de mercantilização;
Pela mudança da
matriz e modelo energético vigente;
Pela democratização
dos meios de comunicação;
Pelo reconhecimento
da dívida histórica social e ecológica;
Pela construção do DIA MUNDIAL DE GREVE GERAL.
Prêmio Nobel diz que aquecimento é pior do que se imagina. Carlo Rubbia afirma que pessoas não levam questão a sério.
Carlo
Rubbia, que partilhou o Prêmio Nobel de Física em 1984, afirmou que o
aquecimento global é um problema muito maior do que as pessoas imaginam.
Falando na Rio+20, ele disse: “Minha mensagem é que a situação está muito pior
do que se vê e se acredita.”
Rubbia mencionou dois
“fenômenos contraditórios”: o aquecimento global e o efeito-máscara dos
aerossóis, que efetivamente contrabalança os efeitos do aquecimento. Não fosse
por isso, a temperatura do planeta teria subido até agora em 3Cº, segundo ele.
“As pessoas nas ruas
não percebem os efeitos da mudança do clima” porque nos últimos dez anos a
temperatura não aumentou substancialmente. “Por isso, elas acham que a pressão
do aquecimento global não é uma realidade.”
Na realidade, há dois
fenômenos coexistindo ao mesmo tempo – o aquecimento global, que causa a
elevação de temperaturas, e os aerossóis, que reduzem a transparência do ar e
portanto reduzem a temperatura, disse Rubia.”Então, temos este equilíbrio
instável, um aquecimento que na verdade não vemos por causa de muita poluição
produzidas pelos aerossóis, a poeira na atmosfera, e etc.”, afirmou. No
entanto, “assim que limparmos o mundo usando menos carros, queimando menos, a
extensão plena do aquecimento retornará, e será tarde demais,” ele advertiu.
Rubbia lembrou “uma
mudança muito substancial de temperatura” na Europa no verão de 2003, que
depois desapareceu.
Todos os grandes
emissores de gases estufa concordaram no acordo de Copenhague que a temperatura
global média não deve se elevar acima dos 2Cº. Hoje, a temperatura do planeta é
apenas 0.75Cº mais alta que no passado, mas na realidade podia ter subido em
três graus se não fosse o efeito máscara que cancela os efeitos do aquecimento.
Como resultado, as pessoas
não estão levando a coisa “suficientemente a sério” porque a situação se tornou
muito mais complicada e não tão óbvia como “um sim ou não”, afirmou ele.
Rubbia também
manifestou preocupações sobre uma tendência em muitos países de usar cada vez
mais carvão como fonte primária de energia. Alemanha e outros países europeus,
por exemplo, estão aumentando seu consumo de carvão porque querem suprimir o
uso de energia nuclear. Esta tendência também se verifica no Japão. “Há mais
carvão, e isto significa mais CO2. Estamos no processo em que as emissões de
CO2 não tendem a se estabilizar, mas a acelerar.”
terça-feira, 19 de junho de 2012
Análise: Por que é tão difícil se chegar a acordos internacionais?
Diretrizes a serem aprovadas na Rio+20 se baseiam na construção de consensos entre os países participantes. Parece algo democrático, mas não é. Ao contornar diferenças e arestas, os consensos se mostram inócuos e dão margem a que os mais fortes imponham suas vontades sobre os demais.
Após meses de negociações, foi finalmente acordado por consenso o documento base a ser ratificado pelos chefes de Estado reunidos na Rio+20. Tem 49 páginas e deixou para trás inúmeros pontos polêmicos sobre prazos, restrições, normas de conduta e penalidades para os que não aderirem ao pacto ambiental a ser firmado na capital carioca.
Em outras palavras, ao que tudo indica, o fato positivo reside no fato em si de existir um documento. Sua construção é vaga o suficiente para contornar arestas, evitar conflitos, contentar a todos e – por conseguinte – ser inócuo.
É raro serem aprovados acordos entre Estados soberanos que escapem ao senso comum. As dificuldades estão não apenas nas visões e enfoques de governos de diversas orientações. Os limites de tais tratados residem também na maior ou menor capacidade desses Estados exercerem sua soberania interna. Ou seja, um tratado internacional, a princípio, não pode violar o poder público de cada país.
Consensos e dissensos
O método de aprovação de documentos como o rascunho da Rio+20 parte de um princípio que parece democrático, mas não é. Trata-se da ideia de se “construir consensos”.
Democracia não é consenso. Democracia é conflito e decisão de maioria, desde a Grécia antiga. A decorrência da adoção de tal primado é a subordinação da minoria à maioria, respeitando direitos de manifestação de todos. É algo imperfeito, mas até agora não se encontrou maneira mais racional de se tomarem decisões coletivas.
O consenso, ao contrário, é antidemocrático e ineficiente.
É antidemocrático por ter como meta a eliminação das diferenças. A diversidade passa a ser vista não como valor a ser preservado, mas como fator nocivo ao entendimento.
O consenso pode ser obtido de duas maneiras. A primeira é através da supremacia ou da hegemonia de um ou mais membros de determinado coletivo. Assim se deu na assinatura do Consenso de Washigton, em 1989. Nada havia de democrático ali. Os Estados Unidos, valendo-se de seu poder econômico – potencializado pelo fato de serem os emissores da moeda internacional – e das pressões que é capaz de exercer em todas as esferas das relações internacionais, impuseram um duro receituário aos países da periferia.
A outra forma de se obter consensos reside em se chegar a diretrizes desidratadas de quaisquer ímpetos transformadores, que podem ser aceitos por todos. Não produzem, em geral, efeito algum.
Os pontos de conflito são excluídos de qualquer entendimento coletivo. Um único agente tem a prerrogativa de discordar de uma posição majoritária e inviabilizar um pacto comum. Além disso, temas que ficarem de fora do acertado podem ser encaminhados livremente por qualquer um, sem que tal ação seja vista como desrespeito à maioria. O consenso é contra votação ou deliberação democrática.
Anarquia internacional
O sistema internacional não é democrático. Faltam regras e normas disciplinadoras. Vigora a anarquia, que não quer dizer bagunça, mas ausência de governo.
Assim, quaisquer deliberações entre Estados, tomadas no âmbito da Organização das Nações Unidas ou de grupos de países como o G-20, G-77, OMC, União Europeia, Mercosul e outros não têm força de algo que se assemelhe à lei ou normas legais. O que se firma são acordos, tratados, protocolos e pactos específicos.
As sanções possíveis para países que desrespeitem partes ou o todo de tais contratos não estão escritas em nenhuma regra geral, pois inexiste uma Constituição Universal. As penalidades se inscrevem no corpo dos próprios acertos.
Em casos como a OMC, o país que não seguir orientações acordadas pode se ver excluído dos fluxos internacionais de transações da própria organização. A Declaração Universal dos Direitos Humanos é apenas isso, uma declaração.
O fator determinante a estabelecer punições é a hierarquia entre países, um eufemismo para designar a correlação de forças internacional. As invasões de países como Afeganistão, Iraque e Líbia não obedeceram quaisquer contratos internacionais, mas a lei do mais forte ou a recorrente lógica imperial.
Racionalidade e previsibilidade
A criação de organismos multilaterais ao longo das últimas décadas – ONU à frente – faz parte de esforços para se dotar as relações internacionais de um mínimo de racionalidade e previsibilidade. A ONU, como se sabe, é fruto da correlação de forças existente na arena mundial ao fim da II Guerra Mundial.
O poder maior estava com os Estados Unidos, que legitimaram a constituição de um Conselho de Segurança, composto atualmente por 15 países, cinco deles (EUA, Inglaterra, França, Rússia e China) com poder de veto sobre decisões de maioria.
Interferências no mercado
Nesse quadro é que se balizam as tentativas de se produzirem acordos na Rio+20. Diretrizes sobre o aquecimento global, a emissão de gases, a proteção ecológica implicam o estabelecimento de limites para agressões ao meio ambiente e mudanças em padrões de produção e consumo.
A prioridade dada ao transporte individual, por exemplo, entra em choque direto com políticas de mobilidade urbana eficientes e não poluentes.
Regras desse tipo interferem na economia de mercado, acarretando custos e restrições à busca incessante de lucros por parte das grandes corporações mundiais. Há fortes oposições a alternativas como essas.
É possível chegarmos a uma situação em que os interesses das maiorias prevaleçam sobre os das minorias econômicas? Sim, é. Mas sua materialização dependerá não apenas da construção de uma nova correlação de forças internacional, mas especialmente em saber que vários interesses serão prejudicados.
Decisões assim não serão fruto de consensos. Serão resultado de uma dura batalha democrática para saber quem pagará a conta da proteção ambiental.
Em outras palavras, ao que tudo indica, o fato positivo reside no fato em si de existir um documento. Sua construção é vaga o suficiente para contornar arestas, evitar conflitos, contentar a todos e – por conseguinte – ser inócuo.
É raro serem aprovados acordos entre Estados soberanos que escapem ao senso comum. As dificuldades estão não apenas nas visões e enfoques de governos de diversas orientações. Os limites de tais tratados residem também na maior ou menor capacidade desses Estados exercerem sua soberania interna. Ou seja, um tratado internacional, a princípio, não pode violar o poder público de cada país.
Consensos e dissensos
O método de aprovação de documentos como o rascunho da Rio+20 parte de um princípio que parece democrático, mas não é. Trata-se da ideia de se “construir consensos”.
Democracia não é consenso. Democracia é conflito e decisão de maioria, desde a Grécia antiga. A decorrência da adoção de tal primado é a subordinação da minoria à maioria, respeitando direitos de manifestação de todos. É algo imperfeito, mas até agora não se encontrou maneira mais racional de se tomarem decisões coletivas.
O consenso, ao contrário, é antidemocrático e ineficiente.
É antidemocrático por ter como meta a eliminação das diferenças. A diversidade passa a ser vista não como valor a ser preservado, mas como fator nocivo ao entendimento.
O consenso pode ser obtido de duas maneiras. A primeira é através da supremacia ou da hegemonia de um ou mais membros de determinado coletivo. Assim se deu na assinatura do Consenso de Washigton, em 1989. Nada havia de democrático ali. Os Estados Unidos, valendo-se de seu poder econômico – potencializado pelo fato de serem os emissores da moeda internacional – e das pressões que é capaz de exercer em todas as esferas das relações internacionais, impuseram um duro receituário aos países da periferia.
A outra forma de se obter consensos reside em se chegar a diretrizes desidratadas de quaisquer ímpetos transformadores, que podem ser aceitos por todos. Não produzem, em geral, efeito algum.
Os pontos de conflito são excluídos de qualquer entendimento coletivo. Um único agente tem a prerrogativa de discordar de uma posição majoritária e inviabilizar um pacto comum. Além disso, temas que ficarem de fora do acertado podem ser encaminhados livremente por qualquer um, sem que tal ação seja vista como desrespeito à maioria. O consenso é contra votação ou deliberação democrática.
Anarquia internacional
O sistema internacional não é democrático. Faltam regras e normas disciplinadoras. Vigora a anarquia, que não quer dizer bagunça, mas ausência de governo.
Assim, quaisquer deliberações entre Estados, tomadas no âmbito da Organização das Nações Unidas ou de grupos de países como o G-20, G-77, OMC, União Europeia, Mercosul e outros não têm força de algo que se assemelhe à lei ou normas legais. O que se firma são acordos, tratados, protocolos e pactos específicos.
As sanções possíveis para países que desrespeitem partes ou o todo de tais contratos não estão escritas em nenhuma regra geral, pois inexiste uma Constituição Universal. As penalidades se inscrevem no corpo dos próprios acertos.
Em casos como a OMC, o país que não seguir orientações acordadas pode se ver excluído dos fluxos internacionais de transações da própria organização. A Declaração Universal dos Direitos Humanos é apenas isso, uma declaração.
O fator determinante a estabelecer punições é a hierarquia entre países, um eufemismo para designar a correlação de forças internacional. As invasões de países como Afeganistão, Iraque e Líbia não obedeceram quaisquer contratos internacionais, mas a lei do mais forte ou a recorrente lógica imperial.
Racionalidade e previsibilidade
A criação de organismos multilaterais ao longo das últimas décadas – ONU à frente – faz parte de esforços para se dotar as relações internacionais de um mínimo de racionalidade e previsibilidade. A ONU, como se sabe, é fruto da correlação de forças existente na arena mundial ao fim da II Guerra Mundial.
O poder maior estava com os Estados Unidos, que legitimaram a constituição de um Conselho de Segurança, composto atualmente por 15 países, cinco deles (EUA, Inglaterra, França, Rússia e China) com poder de veto sobre decisões de maioria.
Interferências no mercado
Nesse quadro é que se balizam as tentativas de se produzirem acordos na Rio+20. Diretrizes sobre o aquecimento global, a emissão de gases, a proteção ecológica implicam o estabelecimento de limites para agressões ao meio ambiente e mudanças em padrões de produção e consumo.
A prioridade dada ao transporte individual, por exemplo, entra em choque direto com políticas de mobilidade urbana eficientes e não poluentes.
Regras desse tipo interferem na economia de mercado, acarretando custos e restrições à busca incessante de lucros por parte das grandes corporações mundiais. Há fortes oposições a alternativas como essas.
É possível chegarmos a uma situação em que os interesses das maiorias prevaleçam sobre os das minorias econômicas? Sim, é. Mas sua materialização dependerá não apenas da construção de uma nova correlação de forças internacional, mas especialmente em saber que vários interesses serão prejudicados.
Decisões assim não serão fruto de consensos. Serão resultado de uma dura batalha democrática para saber quem pagará a conta da proteção ambiental.
Enquanto isso lá se vão 40 anos (Estocolmo 1972) de debates e tentativas de negociações...será que agora sai algum consenso?
O que está em jogo na Rio+20.

Maior
encontro da história da ONU, a Conferência sobre o Desenvolvimento
Sustentável, Rio+20, retoma aquilo que começou a ser debatido há
40 anos em Estocolmo 72 e há 20 na, na Eco-92.
As novidades são um planeta mais rápido graças à internet e mais bem informado sobre os limites do atual modelo econômico graças ao avanço das pesquisas e da inovação. A falta de novidades é a dificuldade em encontrar um consenso global e a resistência de algumas nações a aceitarem acordos de efeito real. A iniciativa do governo brasileiro de promover um novo encontro que delineasse os caminhos para um desenvolvimento calcado em respeito aos direitos sociais e ambientais foi apresentada em 2007. De lá para cá, alguma coisa mudou: em crise, as nações ricas resistem ainda mais à assinatura de termos que coloquem limites ao velho crescimento econômico capitalista.
Organização das
Nações Unidas (ONU) dividiu o debate em dois eixos: a economia
verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação
da pobreza e o quadro institucional para o desenvolvimento
sustentável. Também escolheu sete temas críticos: emprego,
energia, cidades, alimentação, água, oceanos e desastres.
Abaixo,
algumas das questões que estarão em debate nos próximos dias.
Economia
verde. De um lado, a ONU e uma parte dos países advogam que o
mundo tem de caminhar em direção à economia verde, que seria um
modelo que contemplaria, além do capital, as questões sociais e
ambientais. Por parte das organizações da sociedade e de
especialistas, há divisão quanto à expressão. Alguns consideram
que se trata simplesmente de uma maneira de maquiar as mazelas do
atual sistema capitalista mediante práticas aparentemente
sustentáveis, mas que simplesmente avançam em direção a um
“ambientalismo de mercado”. Outros acreditam que falta deixar
mais claro de que se trata a economia verde, mas um compromisso mais
efetivo esbarra na reticência de algumas nações ricas.
Pnuma
– O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente parece ser
ponto de consenso na conferência: ganhará novo status. Deve passar
de um programa a uma agência especializada nos moldes de outras já
existentes em áreas como comércio e segurança. "A maioria dos
países deu sinal de que a criação de uma agência especializada
para o meio ambiente é justificável e é por isso que acredito que
essa discussão é legítima e séria. Por que não dar para a agenda
ambiental a mesma autoridade de governança que é dada para as
agências de turismo, navegação, saúde e cultura, por exemplo?",
afirmou recentemente o diretor-executivo do Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner. Atualmente, o
Pnuma tem orçamento voluntário estimado em US$ 80 milhões ao ano,
com contribuição de 58 países.
PIB
– Avançou o consenso de que a medida de toda a riqueza de uma
nação não é suficiente para mensurar avanços. Pelos parâmetros
de desenvolvimento sustentável, fica mais claro que riqueza não
significa bem-estar. O PIB foi claramente delineado sem a intenção
de calcular desenvolvimento, e exclusivamente consumo e produção.
Quem está no trânsito de São Paulo, por exemplo, está produzindo
riqueza à medida que gasta gasolina, mas não está a contribuir
para o ambiente e menos ainda para o bem-estar social. A
contrapartida, segundo especialistas, seria a criação de um outro
modelo de medidor que leve em consideração o desenvolvimento
sustentável dos países. Há quem defenda a mudança para uma
ferramente baseada no PIB, mas leve em conta o Índice de Gini, que
calcula a desigualdade da distribuição de renda, e o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) dos países. Também pode ser proposto e
debatido o Índice de Felicidade da População de uma região ou
país.
Revolução
Verde – Após quatro décadas de um modelo agrícola que
privilegiou a produtividade, movimentos sociais querem propor que a
Rio+20 vá adiante na Revolução Sempre Verde, uma contraposição à
Revolução Verde, responsável pelo uso massivo de agrotóxicos,
pela concentração de terras e, mais recentemente, pela concentração
de sementes geneticamente modificadas nas mãos de poucas empresas,
que cobram direitos de propriedade cada vez mais altos. Agora, na
opinião de entidades da sociedade civil, é hora de valorizar a
agroecologia, que produz alimentos com respeito ao meio ambiente,
pensando nas reais necessidades de consumo e em unidades menores,
criando empregos e evitando o êxodo rural.
Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável - O documento anterior apontava
que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) deveriam ser
baseados na Agenda 21 e no Plano de Implementação de Joanesburgo,
respeitando os Princípios do Rio, em particular as responsabilidades
comuns, porém diferenciadas. Agora, o novo documento fala que os ODS
devem ser criados “levando em conta as diferentes circunstâncias,
capacidades e prioridades nacionais”, ou seja, reconhece as
particularidades de cada país. Em seguida, o texto estabelece que, a
partir da conferência, será criado um processo intergovernamental
para desenvolver os objetivos globais. Com isso, seria criada uma
comissão de coordenação para elaborar os objetivos até setembro
de 2012, que terá um ano (até setembro de 2013) para apresentar uma
proposta. O prazo estipulado para que os Objetivos entrem em vigor é
a partir de 2015.
O documento aponta ainda que os ODS devem
levar em conta metas e indicadores para que cada país possa
adaptá-los a sua realidade e níveis de desenvolvimento.
domingo, 17 de junho de 2012
ATENÇÃO PESSOAL........
OI PESSOAL, NOS PRÓXIMOS DIAS ESTAREI POSTANDO ARTIGOS E DEBATES SOBRE A CÚPULA DOS POVOS (15 a 23 de junho) E RIO +20 (20 a 22 de junho).
NÃO DEIXEM DE SEGUIR E COMENTAR, ABRAÇOS Cássio.
NÃO DEIXEM DE SEGUIR E COMENTAR, ABRAÇOS Cássio.
Movimentos sociais e organizações debatem os malefícios dos agrotóxicos.

Segundo Cláudia, na Guatemala, assim como no
Brasil, os produtores são incentivados pelo governo a utilizar agrotóxicos.
“Fiquei perplexa com o fato de que não há incentivo à outra alternativa para
produzir. Acredito que devemos adotar o modelo agroecológico, que para mim deve
ser amigável ao meio ambiente, sem uso de venenos e resgatando conhecimentos
ancestrais de produção. Ao ver que os agricultores são forçados a usar
agrotóxicos, sinto que nossos conhecimentos estão sendo tolhidos”.
Cléber, por sua vez, contextualizou o surgimento
dos agrotóxicos. “O agrotóxico surgiu como resto da segunda guerra mundial,
para resolver os problemas das indústrias bélicas, adaptando o uso de venenos à
agricultura, e os governos tiveram um papel fundamental nisso. Por isso os
agrotóxicos nunca podem ser chamados de ‘defensivos agrícolas’. As formas que o
capitalismo encontra para resolver suas crises é fazer guerra e se apropriar
dos bens naturais”.
Exemplo do papel do governo brasileiro no
incentivo ao agrotóxico é o crédito agrícola. “Os camponeses na década de 60
tinham que pegar o agrotóxico para receber o crédito. Como é hoje? A mesma coisa”,
enfatiza Cléber. O membro da Via Campesina desmentiu vários argumentos muito
usados pelo agronegócio e os setores que o apoiam.
O primeiro ‘mito’ é que há formas seguras de usar
agrotóxicos. “Há técnicas e proteções que evitam intoxicações agudas, mas a
intoxicação ainda acontece. Também é mentira que ‘não podemos produzir com
veneno, pois o preço da comida sobe’, pois quem produz 70% da comida neste país
é a agricultura familiar”. O argumento de que O camponês também usa veneno é
contestado. “É claro que usa, estão obrigados por conta do crédito agrícola. No
entanto, o Censo diz que o agronegócio usa 80% de agrotóxicos, e os camponeses,
30%”. Por fim, a questão da Balança comercial, cujo agronegócio é responsável
por 30% do PIB, o que corresponde à 151 bilhões de reais. “Para produzir isso,
os latifundiários pegam do orçamento público 110 bilhões. Coloca esse dinheiro
nas mãos dos camponeses para ver o que fazemos. O agronegócio é economicamente
impotente, além dos custos ambientais, que ninguém calcula”.
Cléber também fez um balanço da Campanha
Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida. “A Campanha não trouxe nenhuma
novidade, pois desde que o agrotóxico existe há lutas contra ele. O mérito da
Campanha está emsomar as forças das pessoas que lutam contra os agrotóxicos,
para fortificar essa luta, denunciando à sociedade os problemas causados pelo
agronegócio. Estamos obtendo resultados, como levar pautas referentes ao tema à
mídia burguesa, e a Presidenta Dilma garantiu queira criar um grupo de Política
Nacional de Enfrentamento ao Agrotóxico, mas ainda não está nada assinado por
ela, então a pressão vai continuar”.
Fábia apontou que a Campanha contra os
agrotóxicos é a culminância de trabalhos que vem sendo desenvolvidos a anos por
pesquisadores, ONGs e movimentos sociais. “A Campanha foi um acerto político,
pois é absolutamente insustentável sermos o primeiro maior consumidor de
agrotóxicos no mundo, e a sociedade não pode ficar alheia mais a essa questão”.
Ela também reforçou o papel da agroecologia como modelo de desenvolvimento
alternativo. “Na Rio92, a agroecologia era apenas uma aposta incerta; hoje,há
milhares de experiências de sucesso, com relatórios de organizações como a FAO
reconhecendo a importância do modelo para a erradicação da fome”.
Apesar do papel da agroecologia estar
reconhecido, é necessário que haja políticas públicas para incentivá-la. Nesse
sentido, Flávia denuncia que “está prometido para sair na Rio+20 uma Política
Nacional de Agroecologia. No entanto, estamos tendo sinais de que a promessa
pode não ser cumprida na Cúpula”.
Dossiê Abrasco – O debate de
hoje foi marcado também pelo lançamento da segunda parte do dossiê da
Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) sobre agrotóxicos. De acordo
com Lia, a problemática dos agrotóxicos atravessa todos os segmentos da vida, e
não só o campo. Por isso, essa deve ser uma luta da sociedade. “Os inseticidas,
que usamos nas cidades para nos proteger de mosquitos, contém as mesmas
substâncias que muitos agrotóxicos, mas são vendidos como algo ‘limpo’ para a
população”.
O dossiê, segundo Lia, indaga como a sociedade
brasileira chegou ao ponto de maior consumidora de agrotóxicos, além de mostrar
como o agronegócio depende da aplicação de venenos para continuar crescendo. “O
desenvolvimento agrário com acumulação de capital está casado de forma
indissociável no país com a utilização de agrotóxicos
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