De cada 100 litros de água
coletados, apenas 64 chegam sãos e salvos na casa do brasileiro, em média. O
restante fica pelo caminho. Um desperdício imperdoável para um recurso tão
precioso e cada vez mais escasso. O alerta, vem do Instituto Trata Brasil, que
periodicamente divulga relatórios sobre a situação do saneamento e do acesso à
água nos estados brasileiros.
Segundo Edison Carlos, presidente
da Ong, a perda de água no sistema nacional é em média de 36%, mas em algumas
regiões chega a 60%, caso do Ceará. O que justifica taxas tão elevadas? Quem
atua no setor tem a resposta na ponta da língua: faltam políticas eficientes e
claras de gestão de recursos hídricos e de esgoto no país.
Atualmente, o atendimento em
coleta de esgotos chega a apenas a 46,2% da população brasileira, enquanto a
distribuição de água atinge 81,1% em áreas urbanas e rurais, a uns bons passos
de distância da universalização, segundo dados da Trata.
Para o executivo
franco-brasileiro Yves Besse, presidente da CAB Ambiental, empresa do grupo
Galvão que opera concessões e parcerias público-privadas (PPP”s) em água e
esgoto, o problema reside na ineficiência das empresas que prestam esses
serviços. “Falta vontade política e um gestão otimizada”, disse.
Dilma Pena, presidente da Sabesp,
discorda. “Os prestadores de serviços precisam de orientações claras e
objetivas do poder público, mas elas não existem”, rebate. Para serem realmente
eficientes, segundo a executiva, as empresas precisam ter condição de planejar
suas ações de maneira alinhada com os objetivos do estado e suportar, ao longo
do tempo, esse objetivo. “O problema do saneamento no Brasil não se resolverá
em 10 anos, e pode demorar muito mais se não tivermos orientações nacionais
firmes e principalmente exequíveis”.
Vicente Andreu, presidente da
Agência Nacional de Águas, diz que os recursos financeiros para solucionar os
problemas de água e esgoto existem. “O que falta é foco, senso de prioridade do
tema”, afirmou. Segundo Anderu, mais da metade dos municípios brasileiros pode
ter problemas com o abastecimento de água ou dificuldade para receber água de
boa qualidade nos próximos anos. Já passou da hora de acertar o foco.
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