Maior
encontro da história da ONU, a Conferência sobre o Desenvolvimento
Sustentável, Rio+20, retoma aquilo que começou a ser debatido há
40 anos em Estocolmo 72 e há 20 na, na Eco-92.
As novidades são um planeta mais rápido graças à internet e mais bem informado sobre os limites do atual modelo econômico graças ao avanço das pesquisas e da inovação. A falta de novidades é a dificuldade em encontrar um consenso global e a resistência de algumas nações a aceitarem acordos de efeito real. A iniciativa do governo brasileiro de promover um novo encontro que delineasse os caminhos para um desenvolvimento calcado em respeito aos direitos sociais e ambientais foi apresentada em 2007. De lá para cá, alguma coisa mudou: em crise, as nações ricas resistem ainda mais à assinatura de termos que coloquem limites ao velho crescimento econômico capitalista.
Organização das
Nações Unidas (ONU) dividiu o debate em dois eixos: a economia
verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação
da pobreza e o quadro institucional para o desenvolvimento
sustentável. Também escolheu sete temas críticos: emprego,
energia, cidades, alimentação, água, oceanos e desastres.
Abaixo,
algumas das questões que estarão em debate nos próximos dias.
Economia
verde. De um lado, a ONU e uma parte dos países advogam que o
mundo tem de caminhar em direção à economia verde, que seria um
modelo que contemplaria, além do capital, as questões sociais e
ambientais. Por parte das organizações da sociedade e de
especialistas, há divisão quanto à expressão. Alguns consideram
que se trata simplesmente de uma maneira de maquiar as mazelas do
atual sistema capitalista mediante práticas aparentemente
sustentáveis, mas que simplesmente avançam em direção a um
“ambientalismo de mercado”. Outros acreditam que falta deixar
mais claro de que se trata a economia verde, mas um compromisso mais
efetivo esbarra na reticência de algumas nações ricas.
Pnuma
– O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente parece ser
ponto de consenso na conferência: ganhará novo status. Deve passar
de um programa a uma agência especializada nos moldes de outras já
existentes em áreas como comércio e segurança. "A maioria dos
países deu sinal de que a criação de uma agência especializada
para o meio ambiente é justificável e é por isso que acredito que
essa discussão é legítima e séria. Por que não dar para a agenda
ambiental a mesma autoridade de governança que é dada para as
agências de turismo, navegação, saúde e cultura, por exemplo?",
afirmou recentemente o diretor-executivo do Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner. Atualmente, o
Pnuma tem orçamento voluntário estimado em US$ 80 milhões ao ano,
com contribuição de 58 países.
PIB
– Avançou o consenso de que a medida de toda a riqueza de uma
nação não é suficiente para mensurar avanços. Pelos parâmetros
de desenvolvimento sustentável, fica mais claro que riqueza não
significa bem-estar. O PIB foi claramente delineado sem a intenção
de calcular desenvolvimento, e exclusivamente consumo e produção.
Quem está no trânsito de São Paulo, por exemplo, está produzindo
riqueza à medida que gasta gasolina, mas não está a contribuir
para o ambiente e menos ainda para o bem-estar social. A
contrapartida, segundo especialistas, seria a criação de um outro
modelo de medidor que leve em consideração o desenvolvimento
sustentável dos países. Há quem defenda a mudança para uma
ferramente baseada no PIB, mas leve em conta o Índice de Gini, que
calcula a desigualdade da distribuição de renda, e o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) dos países. Também pode ser proposto e
debatido o Índice de Felicidade da População de uma região ou
país.
Revolução
Verde – Após quatro décadas de um modelo agrícola que
privilegiou a produtividade, movimentos sociais querem propor que a
Rio+20 vá adiante na Revolução Sempre Verde, uma contraposição à
Revolução Verde, responsável pelo uso massivo de agrotóxicos,
pela concentração de terras e, mais recentemente, pela concentração
de sementes geneticamente modificadas nas mãos de poucas empresas,
que cobram direitos de propriedade cada vez mais altos. Agora, na
opinião de entidades da sociedade civil, é hora de valorizar a
agroecologia, que produz alimentos com respeito ao meio ambiente,
pensando nas reais necessidades de consumo e em unidades menores,
criando empregos e evitando o êxodo rural.
Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável - O documento anterior apontava
que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) deveriam ser
baseados na Agenda 21 e no Plano de Implementação de Joanesburgo,
respeitando os Princípios do Rio, em particular as responsabilidades
comuns, porém diferenciadas. Agora, o novo documento fala que os ODS
devem ser criados “levando em conta as diferentes circunstâncias,
capacidades e prioridades nacionais”, ou seja, reconhece as
particularidades de cada país. Em seguida, o texto estabelece que, a
partir da conferência, será criado um processo intergovernamental
para desenvolver os objetivos globais. Com isso, seria criada uma
comissão de coordenação para elaborar os objetivos até setembro
de 2012, que terá um ano (até setembro de 2013) para apresentar uma
proposta. O prazo estipulado para que os Objetivos entrem em vigor é
a partir de 2015.
O documento aponta ainda que os ODS devem
levar em conta metas e indicadores para que cada país possa
adaptá-los a sua realidade e níveis de desenvolvimento.
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