O presidente dos EUA, Donald Trump,
anunciou na quinta 1 a retirada de seu país do Acordo de Paris, firmado em 2015
com o intuito de reduzir o aquecimento global. O presidente alegou que, além do
acordo oferecer vantagem aos demais países, estaria destruindo os empregos
americanos. A decisão é vista com
preocupação por especialistas já que pode prejudicar o combate às mudanças
climáticas. Para entender os possíveis impactos, Carta Educação conversou com a
diretora-executiva do WRI Brasil, Rachel Biderman. Confira!
O que é o acordo de Paris?
Criado
em 2015, durante a 21ª Conferência das Partes (COP21) da UNFCCC (United Nations
Framework Convention on Climate Change), o Acordo de Paris é uma iniciativa que
estabelece mecanismos para que os países limitem o aumento da temperatura
global e fortaleçam a defesa contra os impactos da mudança climática.
Quantos países aderem ao Acordo?
O
Acordo de Paris foi aprovado pelos 195 países Parte da UNFCCC. Com a saída dos
EUA, são 194 países signatários.
Quando ele passou a valer?
O
Acordo passou a valer em 4 de novembro de 2016, quando 92 países o ratificaram.
Como os países se integram ao Acordo?
Cada
país fica responsável por construir seus próprios compromissos na redução de
emissão dos gases de efeito estufa, de acordo com o que o governo considera
viável a partir de seu cenário social e econômico. A intenção é apresentada por
meio do documento chamado Pretendidas Contribuições Nacionalmente Determinadas
(NDC).
Como o Brasil se comprometeu com o acordo?
Por
meio da NDC do Brasil, o país se comprometeu a reduzir em 37% suas emissões de
gases estufa até 2025 (em relação ao montante registrado em 2005), e em 43% até
2030.
Qual a sua análise sobre a situação brasileira diante do
acordo?
O
Brasil está atrasado no cumprimento do compromisso e temos pouco tempo para
alterar o processo das metas. Dependeria de mudança de rumos nas políticas
públicas, principalmente em relação ao investimento do dinheiro público nos
setores agrícola e energético. É necessário diminuir o uso de combustíveis
fósseis, como carvão e petróleo, e migrar gradativamente para a geração
elétrica solar e eólica. Também acho importante melhorar os processos nas
hidrelétricas e ressuscitar o programa de incentivo da produção e uso do
etanol.
Por que é importante os EUA participar do Acordo de Paris?
Como segundo maior emissor do mundo, a primeira questão é diminuir seu volume de emissão – os EUA tinham se comprometido a reduzir suas emissões de gases clima em 26-28% até 2025. Em segundo lugar, pesam questões econômicas e políticas. Os EUA tem um peso enorme nas negociações internacionais e essa saída pode ser mal interpretada pelos outros países.
Como segundo maior emissor do mundo, a primeira questão é diminuir seu volume de emissão – os EUA tinham se comprometido a reduzir suas emissões de gases clima em 26-28% até 2025. Em segundo lugar, pesam questões econômicas e políticas. Os EUA tem um peso enorme nas negociações internacionais e essa saída pode ser mal interpretada pelos outros países.
Quais os riscos disso?
Os
países podem interpretar essa situação como o fracasso do acordo e, com isso,
resolverem sair. Essa é a grande preocupação. As críticas direcionadas à medida
norte-americana são de negociadores internacionais, cientistas, políticos,
ativistas que sabem que a questão ambiental é importante e que a humanidade
está em jogo.
Agora, os Estados Unidos integram, ao lado de Síria e
Nicarágua, o grupo de países que não aderem ao Acordo. Qual o impacto?
Em
termo de emissões, a Síria e Nicarágua não têm muita importância, são pequenos.
Agora, os EUA estava à frente do processo de regulamentação do acordo e agora
está como o último da fila, entre o grupo dos que negam uma pauta
considerada por quase todos os líderes do planeta. É um retrocesso.
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